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2007-03-15
Quase dois meses depois da morte de 40 toneladas de peixes nos arroios Fragata e Moreira, em Pelotas e Capão do Leão, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) trabalha na elaboração do relatório final sobre as causas do desastre. Sem data prevista para a conclusão, o documento será entregue ao Conselho Municipal de Proteção Ambiental (Compam).

De acordo com o agente Regional da Fepam, Francisco Finger, não há novidade em relação à divulgação da análise preliminar que apontou as causas da mortandade como fenômeno natural, apesar das especulações de uma possível poluição orgânica industrial. “A Fepam mantém o monitoramento da água do arroio Moreira, além do acompanhamento das análises enviadas pelas indústrias, feitas em laboratórios cadastrados pela Fundação”, disse.

O Compam só deverá se manifestar sobre o assunto após receber e analisar o relatório. Entretanto, são muitos os debates entre as entidades ligadas ao Conselho sobre o desastre. O advogado ambientalista Antônio Carlos Soler, representante do Centro de Estudos Ambientais (CEA) no Compam, disse que na ocasião da mortandade dos peixes foi solicitado aos órgãos ambientais envolvidos na reparação dos danos, como na investigação das causas do episódio, resultados primários. O Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep) enviou documento, ao contrário da Fepam, que até hoje não remeteu laudo ao Compam.

Segundo Soler, algumas entidades não aceitam a salinidade como justificativa à mortandade dos cardumes. “Toda vez que as águas do arroio ficassem salgadas os peixes morreriam. Nunca ocorreu episódio como o de agora”, afirmou. Tais ambientalistas acreditam que ações humanas desenvolvidas em volta do local teriam impedido o curso normal dos animais. “Poluição é que provoca a morte dos peixes”, disse.

Na ocasião, os exames laboratoriais feitos pela Fepam não evidenciaram a existência de poluição industrial nas águas do arroio Moreira. As únicas substâncias encontradas em níveis relevantes foram nitrogênio e fosfato, o que indicaria uma adequação das indústrias próximas com relação ao tratamento de seus efluentes líquidos. Estes índices foram considerados por especialistas dentro ou próximos do padrão exigido pela Fundação. “Nossa proposta é a realização de ações de monitoramento preventivo. Tanto que solicitamos à Fepam informações sobre os licenciamentos da indústria”, afirmou Soler.
(Por Cíntia Piegas, Diário Popular, 15/03/2007)
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