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2007-03-14
O Ministério da Integração Nacional quer ser procurado pelos manifestantes acampados na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, contra a transposição de águas. A afirmação é do coordenador-geral do Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional, Rômulo de Macedo Vieira, do Ministério da Integração, que disse esperar que os protestos sejam encaminhados formalmente à pasta.

"Nós gostaríamos muito que se dirigissem à coordenação do projeto, apresentassem os questionamentos, para que a gente tivesse oportunidade de esclarecer a eles os reais objetivos, os reais benefícios que esse projeto trará à sociedade nordestina e brasileira como um todo”, afirmou à Rádio Nacional. “O projeto vem de um estudo exaustivo, mais de 400 especialistas participaram dos estudos, que vêm sendo feitos desde 1982 [quando a proposta era outra]”.

Um dos coordenadores do projeto São Francisco Vivo (de organizações da sociedade civil), Alexandre Gonçalves, disse que a integração não vai resolver o problema da seca, e sim estimular um desenvolvimento predatório da Região Nordeste, que beneficiará empresários e industriais.

“O problema é o seguinte: quando você vê os dados do projeto, apenas 4% das águas que vão para população difusa, para os agricultores que vivem no sertão, então o resultado com relação ao abastecimento de água para a população é muito pequeno. Grande parte dessa água, mais de 70%, está indo para o projeto de irrigação, grandes perímetros irrigados, está indo para criação de camarão, para o pólo siderúrgico”, afirmou.

“Nós defendemos uma verdadeira revitalização do São Francisco, porque o que a gente vê hoje é uma revitalização muito pífia, não existem ações na ponta”, completou Gonçalves. Segundo ele, a conversa com o governo não tem gerado resultados: “Acaba sendo um diálogo de surdo, porque o governo insiste em não ouvir, não aceitar as propostas no sentido de suspender esse projeto e criar um programa sério, abrangente, de convivência no Semi-Árido”.

Rômulo de Macedo Vieira, do Ministério da Integração, disse que o projeto de integração não causa impacto ao Rio São Francisco. “Com relação à destinação da água, nós temos uma outorga da Agência Nacional de águas que determina a retirada de somente 26 metros cúbicos por segundo do São Francisco em tempo integral, exclusivamente para abastecimento humano”, afirmou. “Apenas quando a barragem de Sobradinho estiver vertendo a gente pode pegar excedente de água e transportar até 114 metros cúbicos por segundo para armazenar nos açudes da região. Isso seria destinado a outros usos pelos estados.”

O coordenador disse que o ministério aguarda a licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para que sejam iniciadas as obras do projeto de integração de bacias. “Enquanto o Ibama não emite a licença ambiental, nós prosseguimos no detalhamento dos programas ambientais que serão implantados paralelamente à execução das obras”, observou. Segundo ele, no ano passado foram investidos R$ 192 milhões em recuperação de margens, saneamento e outras atividades de revitalização.
(Por Luciana Vasconcelos, Agência Brasil, 13/03/2007)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/03/13/materia.2007-03-13.2646273652/view

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