Liberação de milho transgênico deve demorar
2007-03-14
O engenheiro agrônomo da Embrapa Milho e Sorgo Edilson Paiva acredita ainda estar distante a definição da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio) sobre a liberação do plantio de milho transgênico no país. Entre as dificuldades, segundo ele, está a necessidade da realização de uma audiência pública, que já está marcada para o próximo dia 20/3, para discussão sobre o assunto. 'É bem provável que, a exemplo do mês de dezembro, algum tipo de liminar judicial impeça o andamento do processo, que se arrasta há vários anos.' Ele também destaca que o setor aguarda a sanção do presidente Lula à MP 327, que altera o quórum mínimo de votos para que a CTNBio aprove a liberação comercial de OGMs. Pela MP, as decisões devem ser aprovadas por, no mínimo, 14 dos 27 membros da comissão. Antes, era necessária a adesão de dois terços (18). 'O Brasil tem a tecnologia para a cultura de transgênicos e não estão deixando usar. A não-adoção dessas ferramentas, a curto e médio prazos, irá afetar, em primeiro lugar, os mais pobres e, em segundo lugar, o meio ambiente', destacou Paiva.
O pesquisador fez uma palestra, na manhã de ontem (13/3), na Expodireto Cotrijal, onde abordou o tema 'Perspectivas da cultura de transgêncios para o Brasil', na qual avaliou as aplicações e os benefícios do milho geneticamente modificado, sem deixar de lado seus aspectos éticos e científicos. Na opinião de Paiva, o momento para discutir essa questão é muito oportuno, uma vez que tanto agricultores como consumidores estão cada vez mais interessados em obter informações seguras a respeito dos alimentos transgênicos. 'A biotecnologia se desenvolve no mundo inteiro e a aceitação da transgenia no campo se amplia. A partir de debates mais aprofundados sobre o tema, a população fica mais bem informada e apaga velhos preconceitos ideológicos.' Para ele, os OGMs podem melhorar a qualidade dos alimentos e aumentar a produção nacional, além de oferecer benefícios aos agricultores, como flexibilidade de tempo para aplicação de herbicidas, sutentabilidade, lucro e menor risco, controle mais efetivo de ervas daninhas e insetos e melhor conservação do solo e qualidade da água.
(Correio do Povo - RS, 14/03/2007)
http://www.correiodopovo.com.br/jornal/A112/N165/html/14LIBERA.htm