A partir da próxima sexta-feira (16/3), será possível adquirir nos supermercados da
região maçãs com certificado de qualidade atestado pelo governo brasileiro, cultivadas
com parâmetros avalizados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Inmetro) e tecnologia de produção desenvolvida pela Embrapa. A fruta será a
primeira a ser comercializada no país com o selo atestando que foi produzida de acordo
com as normas do Sistema de Produção Integrada (PIN).
Os procedimentos utilizados pelo PIN são diferentes da produção convencional porque
estabelecem limites e controles para as práticas de produção que vão desde a escolha da
área de cultivo, passando pela adubação, poda e colheita, abrangendo ainda o transporte a
acompanhamento da pós-venda.
- A produção integrada se situa entre a convencional e a orgânica. A grande vantagem é a
segurança de que o alimento é de qualidade. Hoje o mercado interno não exige essa
qualidade porque não sabe que ela existe. Podemos garantir, por exemplo, que a fruta não
apresenta resíduos químicos - explica o engenheiro agrônomo e chefe-geral da Embrapa Uva
e Vinho, Alexandre Hoffmann.
Para divulgar os benefícios e qualidade da maçã produzida pelo PIN, durante dois meses,
16 supermercados da região das redes Apolo e Cesa - em Bento Gonçalves, Caxias e
Farroupilha -, participarão do projeto-piloto de comercialização da maçã. As frutas,
produzidas pela Rasip, de Vacaria, serão oferecidas em bandejas diferenciadas nas
gôndolas e apresentarão o selo de identificação. Uma equipe de demonstradores estará
divulgando no local o sistema e distribuindo folders explicativos aos clientes das
redes.
Produção será rastreada
O Sistema de Produção Integrado (PIN) para maçãs foi implantado no país para atender aos
exportadores que necessitavam de um certificado de qualidade para a fruta vendida no
Exterior. Por cinco anos, ele foi desenvolvido em cinco empresas dos Campos de Cima da
Serra e, em 2003, foi colhida a primeira safra certificada. A partir desses parâmetros, o
sistema passou a servir de base para outros alimentos. Há atualmente 39 projetos de PIN
em andamento no país. O da maçã será o primeiro a projetar a sua comercialização no
mercado interno. A idéia é de aplicá-lo também em frutas como melão, mamão papaia, uva
fina de mesa, limão tahiti e pêssego.
- O PIN é o único sistema oficial de certificação reconhecido pelo governo brasileiro. O
produto tem rastreabilidade e respaldo legal do Inmetro e do Ministério da Agricultura -
ressalta o coordenador de Produção Integrada e Cadeias Agrícolas do Ministério da
Agricultura, Luiz Carlos Bhering Nasser.
Dessa forma, o produtor terá maior segurança nas vendas para o mercado externo. Já para o
consumidor nacional, será possível saber em que pomar a fruta foi produzida, no caso de
problemas.
Ganho para quem produz
Na produção integrada, as normas e parâmetros servem para garantir a qualidade da fruta,
otimizar os recursos aplicados no cultivo e, assim, reduzir o impacto ambiental provocado
por esses produtos. Como resultado, as maçãs apresentam características aprimoradas de
cor, sabor e segurança contra resíduos químicos.
O custo de produção é o mesmo do cultivo convencional. Apesar de reduzir gastos em
mão-de-obra, agrotóxicos e fertilizantes, há despesas extras com o monitoramento e
certificação. As frutas com o selo PIN, porém, custam 10% a mais do que as
convencionais.
A auditoria do processo é feita pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (Inmetro) e o acompanhamento técnico da produção fica a cargo da
Embrapa. Já na parte de marketing para a comercialização, o projeto terá apoio do
Sebrae.
(
Jornal
Pioneiro, 14/03/2007)