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2007-03-14
O aquecimento global pode causar uma grave escassez de água e comida para milhões de pessoas até 2100, além de desencadear o derretimento das calotas polares, o que elevaria os oceanos durante séculos, segundo um relatório preliminar da ONU. O texto diz que os pobres são os mais ameaçados, especialmente na África Subsaariana e nos deltas dos grandes rios asiáticos.

A pesquisa feita por importantes climatologistas do mundo, a ser divulgada no dia 6 em Bruxelas, diz que a mudança climática já está provocando o derretimento de geleiras e um crescimento precoce das plantas na primavera.

"Muitos sistemas naturais, em todos os continentes e em alguns oceanos, estão sendo afetados por mudanças climáticas regionais, particularmente aumentos de temperaturas", diz a cópia à qual a Reuters teve acesso, e que ainda será submetida a uma revisão final por governos e especialistas.

"Os impactos muito provavelmente aumentaram devido às frequências e intensidades ampliadas de impactos climáticos extremos", diz o relatório, acrescentando que ainda há chance de evitar muitos dos fatos previstos, caso os governos ajam.

O esboço cita ameaças como o degelo da Groenlândia e da calota polar do oeste da Antártida, que podem levar ao aumento dos mares, à extinção de espécies da Amazônia ao Ártico e a ondas de calor mais fortes em cidades dos Estados Unidos. Além disso, até 120 milhões de pessoas poderiam passar fome se houvesse um grande aumento nas temperaturas.

No Himalaia, o derretimento de geleiras poderia reduzir os fluxos de água no verão e no outono numa área habitada por mais de 1 bilhão de pessoas. Em áreas equatoriais, agricultores devem ver suas safras reduzidas, mesmo que o aquecimento seja pequeno. Já perto dos pólos, os produtores rurais podem ter até alguns benefícios imediatos. "O potencial da produção agrícola global deve aumentar com um aumento na temperatura média global de até 3 graus Celsius, aproximadamente, mas acima disso é muito provável que diminua", diz o texto.

FALTA DE ÁGUA
Mesmo com um aumento modesto das temperaturas, centenas de milhões de pessoas sofreriam com a falta de água. No cenário mais grave das previsões, um aquecimento médio de 4 graus Celsius, entre 1,1 e 3,2 bilhões de pessoas seriam afetadas.

A escassez de água seria especialmente nociva a regiões semi-áridas, como o Nordeste brasileiro, o litoral do Mediterrâneo, o oeste dos EUA, o sul da África e o sul e leste da Austrália. Esse é o segundo de quatro estudos a serem feitos neste ano pelos 2.500 participantes do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas.

O primeiro estudo concluiu com pelo menos 90 por cento de certeza que as atividades humanas, especialmente a queima de combustíveis fósseis, era o principal fator responsável pelo aquecimento global. O relatório deve guiar os governos na busca por soluções ao problema. O novo estudo afirma que centenas de milhões de pessoas estariam vulneráveis ao aumento do nível dos mares, que poderia inundar países inteiros no Pacífico e cidades como Nova York e Xangai.

O texto diz haver "média confiança" de que um aumento nas temperaturas de mais de 1 a 2 graus Celsius derreteria parte da Groenlândia e do oeste da Antártida, "causando um aumento do nível do mar de 4 a 6 metros ao longo dos séculos ou milênios". O estudo preliminar afirma ainda que 20-30 por cento das espécies estariam ameaçadas de extinção caso haja um aumento moderado das temperaturas.
(Por Alister Doyle, Reuters, 14/03/2007)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2007/03/13/ult729u65625.jhtm

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