Universitários criticam acordo de Votorantim com FURG
2007-03-14
O acordo realizado entre a empresa Votorantim e professores da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg) resulta em mais um protesto contra a expansão do setor da celulose no Estado. Estudantes da Furg montam acampamento, a partir desta terça (13/3), no campus da universidade, para debater as conseqüências da monocultura do pínus e do eucalipto e da instalação de uma fábrica de celulose da Votorantim em Rio Grande. Os estudantes também pretendem denunciar a utilização indevida do nome da Furg em um convênio que alguns professores realizaram com a empresa.
O estudante de biologia Vagner Terra Silveira, integrante do Diretório Central dos Estudantes (Furg), conta que o 1º Acampamento de Alerta ao Papel da Universidade Pública quer discutir com a sociedade a função das pesquisas nas universidades públicas. Alegando falta de verbas para as pesquisas, as instituições vêm aceitando recursos da iniciativa privada que, muitas vezes, impõem o sigilo dos resultados.
"A universidade pública tem um papel, ela foi criada para fazer pesquisas e formar profissionais competentes para melhorar o país e não para usar dinheiro público para fazer pesquisa para empresas de grande capital", diz.
No caso da Furg, uma empresa terceirizada pela Votorantim contratou professores da universidade para realizar os estudos de impacto ambiental da fábrica de celulose que pretende instalar em Rio Grande. Vagner alerta que o convênio não é formalizado com a Furg, mas os professores envolvidos falam em nome da instituição. De acordo com o estudante, um dos coordenadores do estudo estaria dando entrevistas, o que é ilegal.
"Ele está defendendo o projeto publicamente, dando entrevistas de rádio e de televisão, audiências públicas, etc, dizendo que a opinião dele é a mesma da Furg, o que não poderia estar fazendo. Aliás, segundo a lei ambiental ele, como coordenador de estudo de impacto, nem poderia estar se posicionando publicamente, seja a favor ou contra. Ele está infrindo a lei atuando dessa maneira e, o pior, é que está sujando o nome da Furg", diz.
Os estudantes exigem um posicionamento público do reitor, que afirma não existir nenhum convênio formal da Furg com a Votorantim. Além disso, os estudantes também realizam debates sobre as conseqüências ambientais e sócio-econômicas da instalação de uma fábrica de celulose na cidade. Cerca de 300 famílias de pescadores da comunidade Barra Nova foram desalojadas para outro local devido à instalação de um terminal de exportação de celulose da Aracruz e da Votorantim no Porto de Rio Grande.
Além dos estudantes ligados ao Movimento Universitário Unificado, participam do acampamento funcionários e professores da Furg, entidades ambientalistas da região e integrantes da Central dos Movimentos Populares (CMP). As atividades do acampamento seguem até quinta-feira.
(Por Raquel Casiraghi, Agência Chasque, 13/03/2007)
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