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2007-03-14
Durante os últimos quinze anos, o mundo perdeu em torno de 20 mil hectares de florestas diariamente. Isso representa o desaparecimento de 3% de toda a área florestal de 1990 a 2000 e um pouco menos nos cinco anos seguintes, apontou o relatório Situação das Florestas no Mundo, publicado na terça-feira (13/03), pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).

Na América Latina, a perda de áreas florestais em todo o período chegou a 64 milhões de hectares desde 1990. A região lidera o ranking de espécies de árvores consideradas em perigo, segundo o relatório. De 2000 a 2005, o mundo conseguiu reduzir para 7,3 milhões de hectares a perda anual líquida de superfície florestal, "o que constitui um progresso", embora os indícios de que a mudança climática a afetará profundamente sejam cada vez mais claros.

Um pouco menos de 4 bilhões de hectares de florestas cobrem 30% da Terra e, enquanto o desmatamento segue aumentando a "uma taxa alarmante", as plantações de florestas e sua expansão natural "reduziram consideravelmente a perda líquida de superfície florestal".

O relatório, apresentado na abertura da 18ª sessão do Comitê Florestal da FAO, examina os progressos "muito desiguais" rumo a uma ordenação florestal sustentável. A América Latina e o Caribe são, junto com a África, as duas regiões que perdem florestas a um ritmo mais elevado, com uma taxa anual média líquida de 0,51% (2000-2005), embora registrem "consideráveis" esforços.

América Latina
América Latina e o Caribe dispõem de abundantes recursos florestais, que responde por volta de 47% do total da região. Entre 1990 e 2005, a perda chegou a 19% na América Central e 7% no Sul, em contrapartida do crescimento de 11% no Caribe.

O documento indica que os países da região "estão combatendo em uma difícil batalha para reter seus bosques primários" com "esforços consideráveis", incluindo um aumento de mais de 2% na superfície florestal destinada principalmente para fins de conservação e biodiversidade.

Entre os dez países que reúnem 80% das florestas primárias, Brasil, Indonésia, México e Papua Nova Guiné sofreram as maiores perdas entre 2000 e 2005. A principal causa da deflorestação no continente é a conversão de florestas em terras agrícolas. Ainda que áreas florestais tenham crescido em diversos países como Chile, Cuba e Uruguai, as plantações aumentaram em níveis maiores.

Do total de terras florestais, em torno de 12% é destinado a fins de produção, frente à média mundial de 32%. No Brasil, somente 5,5% dos bosques pertencem a essa categoria, enquanto no Uruguai se chega a 60%; no Chile, 45% e no Peru, 37%. A superfície florestal destinada à proteção ambiental já representa 11% do total, ante os 9% mundial.

Regiões em desenvolvimento
Os países desenvolvidos de clima temperado fizeram consideráveis progressos", com a superfície florestal se mantendo ou crescendo, enquanto as regiões de economias em desenvolvimento e clima tropical seguem perdendo florestas, embora "sejam observadas tendências positivas".

O relatório alerta que "há indícios cada vez mais claros de que a mudança climática afetará profundamente as florestas", da mesma forma que aumentarão os danos provocados por incêndios, pragas e doenças.

As florestas podem contribuir "de maneira importante" para atenuar a mudança climática, mas o mundo enfrenta "obstáculos políticos e burocráticos que limitam a utilização do Protocolo de Kyoto como instrumento para ajudar a deter o desmatamento tropical", diz a FAO.

Desertificação
O documento também adverte sobre a desertificação, "um dos processos mundiais mais alarmantes de degradação ambiental", que afeta mais de um terço da superfície terrestre e 1 bilhão de pessoas, "com conseqüências potencialmente devastadoras" para os meios de subsistência e segurança alimentar.

A África Subsaariana é a região "com o índice de desertificação mais elevado do mundo", fenômeno que afeta, entre outros lugares, um quarto da América Latina e Caribe e um quinto da Espanha. Calcula-se que, até 2020, cerca de 135 milhões de pessoas corram o risco de ter de abandonar suas terras devido à contínua desertificação, 60 milhões delas na África Subsaariana.

Superfície florestal
Quanto à superfície florestal total, o relatório mostra que a África perdeu 9% entre 1990 e 2005, mas "nem todo o panorama é sombrio", pois foram firmados compromissos políticos para destinar mais de 3,5 milhões de hectares para a conservação da diversidade biológica sob a administração da FAO.

Na Europa, com exceção da Rússia, a superfície florestal em 2005 abrangia 193 milhões de hectares, o que representa um aumento de quase 7% desde 1990. O aumento líquido médio anual (2000-2005) do terreno florestal foi de 0,07%, resultado devido em grande parte aos "incrementos substanciais registrados" em vários países, liderados por Espanha, com um aumento médio de 296 mil hectares anuais, e Itália, 106 mil hectares.

Alguns fatores, no entanto, causam preocupação na Europa, como a diminuição do emprego no setor florestal e sua contribuição à Economia. A Rússia informou uma perda líquida de superfície florestal (2000-2005) equivalente a uma redução média de 96 mil hectares anuais (0,01% do total).

A superfície florestal líquida aumentou na Ásia e no Pacífico (0,09%), "invertendo a tendência descendente das décadas anteriores", mas se limitou à região leste, onde um grande investimento em plantações na China compensou as elevadas taxas de desflorestamento de outras partes.

Os três países da América do Norte dispõem de consideráveis recursos florestais, mas enquanto a superfície é estável no Canadá e nos Estados Unidos, no México está diminuindo, embora esta taxa esteja se reduzindo.
(EFE, 13/03/2007)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2007/mar/13/119.htm

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