Tecnologia de tratamento da água usada no RN será reaplicada em 11 estados
2007-03-13
No dia 30 de março, a população do assentamento Caatinga Grande, em São José
do Seridó (RN), vai inaugurar uma unidade do Programa Água Doce. A
tecnologia social transformou o sonho de água potável em realidade para os
355 moradores do município, distante 180 quilômetros de Natal (RN).
O Sistema Integrado de Reuso dos Efluentes da Dessalinização, além de
produzir água potável, reaproveita o sal resultante da dessalinização para a
criação da tilápia rosa e no cultivo da erva-sal. A tilápia é um peixe de
água doce que se reproduz até mesmo no mar e a planta é uma forrageira
utilizada para alimentar cabras e ovelhas.
Os peixes são comercializados pela comunidade e a arrecadação obtida com a
venda dos produtos realimenta o processo. A tecnologia evita ainda a
contaminação do solo e do lençol freático.
Criado pela Embrapa Semi-Árido e implementado com investimentos sociais da
Fundação Banco do Brasil e do Ministério do Meio Ambiente (MMA) no Rio
Grande do Norte, o complexo será reaplicado, inicialmente, em 22 comunidades
de 11 estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas
Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. O
projeto-piloto foi iniciado em Petrolina (PE), no ano passado.
A Fundação Banco do Brasil destinou R$ 2,8 milhões para implantar seis
unidades do conjunto e recuperar outros 21 dessalinizadores nos estados de
Alagoas, Ceará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. No total, os
parceiros no projeto - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São
Francisco e Parnaíba (Codevasf), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES), MMA e Petrobras - vão investir mais de R$ 13,5 milhões na
reaplicação da tecnologia social nas 11 unidades da federação. As ações
abrangem, além da implantação de unidades demonstrativas (17 no total),
recuperação de equipamentos (25) e de sistemas de dessalinização (46),
gestão, apoio à pesquisa e compra de equipamentos para a Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Nas regiões castigadas pela seca, o uso dessas máquinas para purificar a
água retirada de poços, com alto teor de sal, é muito comum. Entretanto, a
forma tradicional provoca um grande impacto ambiental, porque a sobra de
sal, normalmente depositada a céu aberto, degrada o solo - cada litro de
água pura resulta em meio litro de rejeito (água concentrada de sais).
(Envolverde, 12/03/2007)
http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=28888&edt=10