Poluição do rio dos Sinos ameaça pesca na Prainha do Paquetá, em Canoas
2007-03-12
O estado iminente de degradação ambiental constatado no Rio dos Sinos já começa a apresentar sérios prejuízos para quem depende de suas águas para sobreviver. É o caso dos pescadores da Prainha do Paquetá, no bairro Mato Grande. Aproximadamente 120 famílias estão há pelo menos três meses passando dificuldades.
Paulo Silva de Oliveira, 46, há 20 anos vive de pesca no Rio dos Sinos. Na manhã do último sábado (10/3), ele estava desolado, pois dos 40 quilos de peixe que recolheu de sua rede, pelo menos 25 não poderia ser aproveitados. Segundo ele, dos peixes - das espécies pintado, grumatã e biru - que recolhei, muitos já estavam mortos e apresentavam sinais de que não poderiam ser consumidos, como inchaço e coloração alterada.
Paulo afirma que desde outubro passado o despedício virou rotina. "Coloco a rede durante a noite e reito pela manhã bem cedo. Tenho perdido 70% do que pesco", observa, alegando que pesca em média 100 quilos de peixes por semana e aproveita, no máximo, 30. Os ganhos também diminuem. Se antes ele tirava até R$ 150,00 por semana, hoje consegue apenas R$ 50,00. "Aqui em casa moram eu e mais quatro pessoas que dependem da pesca. Não sei mais o que fazer".
A situação também aflige a pescadora Tereza Maria da Silva, 57, que afirma nunca ter presenciado situação semelhante. "Até já tinha visto peixe morrer aqui no rio, mas nunca por tanto tempo", aponta, lembrando que desde outubro passado a pesca vem diminuindo. "Chegava a pescar de 400 a 500 quilos de peixes por semana. Hoje, quando consigo 100 quilos é muito". Tereza cnta que junto com o escasso pescado, muita sujeira vem à tona, como sacolas e garrafas plásticas. Seu filho, Cláudio da Silva, vai além. Diz que muitas vezes observa uma espécie de tinta, de coloração azulada nas redes. "O peixe já cai na rede meio bobo. É muita poluição".
Para a pescadora Eliane Regina de Souza Carvalho, 38, e dois filhos para sustentar, o futuro é incerto. "Desde que aconteceu o acidente ambiental (a mortandade de pexies no trecho do Sinos entre Sapucaia do Sul e São Leopoldo) nós perdemos muitos clientes", afirma. Elaine agora sobrevive da venda de milho cozido aos frequentadores da Prainha. A maioria das famílias sobevive da cesta básica distribuída pela Colônia de Pescadores Z5.
(Diário de Canoas, 12/03/2007)
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