Qual a diferença entre escrever em um caderno de folhas brancas ou em outro de papel reciclado? Escolhendo a segunda opção você vai estar, indiretamente, poupando árvores, água e protegendo o ar de ser poluído. Ou seja, optar pelo reciclado seria a alternativa mais adequada, sobretudo pelo lado ambiental – só que nem todos têm essa consciência.
Uma tonelada de papel reaproveitado significa a economia de 50 a 60 eucaliptos, árvores usadas na produção de celulose. Além disso, na fabricação dessa mesma quantidade de material a partir de reciclagem são necessários apenas dois mil litros de água, levando em conta que no processo tradicional esse volume pode chegar a 100 mil litros para mil quilos. A diferença também é sentida nos aterros sanitários, que poupam três metros cúbicos de espaço, e no consumo de energia, cuja economia pode chegar a até 60%.
O problema é que, por enquanto, o Brasil só recicla cerca de 30% de seu consumo anual de papel. Mas esse processo já vem ganhando novos defensores. Em Santa Cruz do Sul, por exemplo, uma das ações parte de uma gráfica, um dos ramos empresariais que mais se utiliza da matéria. Na Graphoset, que fica na Rua Felipe Jacobus, cerca de 80% da produção é feita com matéria-prima reutilizada.
A preocupação começou há pouco mais de meio ano, quando clientes passaram a solicitar produtos fabricados com material reciclado. A gráfica, que até então trabalhava quase só com papel comum, criou uma divisão especializada em trabalho com folhas reaproveitadas. “O primeiro desafio foi reduzir o custo para viabilizar a venda desses produtos ao consumidor final”, explica a sócia-gerente Emília Kipper.
IMPACTO – Revistas, manuais de cursinhos pré-vestibulares e agendas agora saem de lá já inseridos nesse contexto de preservação ecológica. As 12 mil agendas entregues a estudantes da Unisc neste semestre são assim, bem como todo o material utilizado pela organização Junior Achievement no Brasil.
“O impacto ambiental gerado pela reciclagem é muito forte. Usando papel assim, há uma redução de até 75% nos níveis de poluição do ar”, afirma. Uma tonelada reaproveitada, diz, evita a emissão de 2,5 mil quilos de dióxido de carbono na atmosfera.
Preocupação é levada a estudantes
Como a empresa trabalha com uma quantidade grande de produtos voltados a fontes educacionais, aproveita para tentar passar um pouco dessa consciência aos estudantes. “Nosso objetivo não é só vender, mas ensinar às pessoas sobre reciclagem. Por isso, nos cadernos e agendas que fabricamos são incluídas dicas e lições sobre esse assunto,” diz Emília Kipper.
Os clientes também não escapam dessa conversa. Quando alguém vai até a empresa para contratar os serviços, recebe informações de quanto o uso do material reciclado influencia no ambiente. “Muitos chegam aqui querendo o papel branco, dizendo que é mais bonitinho, mas tomam consciência e acabam fazendo o pedido com esse foco ecológico.” Para completar, ainda promove a campanha Preserve a vida, com foco na água e no ar, que deixam de ser prejudicados com esse processo.
Para produzir a matéria-prima reciclada, a Graphoset usa 70% de aparas de papel que sobram na gráfica e 30% que são repassados por catadores. Em casa, a equação também pode ser simples: você usa o papel e depois encaminha para reciclagem, dividindo o lixo seco do orgânico. O material é reutilizado e poupa árvores, que atuam na limpeza do ar que você respira. No fim, todos saem ganhando.
(Por Jansle Appel Junior,
Gazeta do Sul, 12/03/2007)