Nos próximos dois a três anos o mundo já deverá ter algum mecanismo de incentivo para os países tropicais reduzirem suas taxas de desmatamento. A estimativa foi feita hoje (11/03) pelo pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Carlos Nobre.
O Brasil tem uma contribuição importante na emissão dos gases do efeito estufa e nas ameaças à biodiversidade do planeta, em função das mudanças de habitats, disse o especialista. “Isso é muito claro. Tanto é que todos os mapas de áreas de risco ou ameaça à biodiversidade colocam a Mata Atlântica como um lugares onde as espécies estão mais ameaçadas”, disse Nobre.
Nobre informou que o Brasil é um dos países que mais têm projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto. Grande parte desses projetos visa evitar a emissão de gases poluentes na atmosfera.
“Na última reunião da Convenção do Clima, em Nairóbi, no ano passado, o Brasil fez uma proposta, que está sendo debatida internacionalmente, de criar um mecanismo de recompensar os países tropicais que conseguirem reduzir as taxas de desmatamento”, disse.
Segundo Nobre, o Brasil é o país que tem a maior taxa de desmatamento do mundo, seguido pela Indonésia. “E esses países e vários outros tropicais, se esse mecanismo for implementado, terão um grande incentivo”, afirmou.
O pesquisador do Inpe destacou que mesmo sem essa ferramenta, o Brasil já está buscando a redução das taxas. Na questão da biodiversidade, porém, ele avaliou que o problema é mais complexo. “O esforço maior tem de ser feito na Mata Atlântica. Ali há o maior número de espécies ameaçadas de extinção”.
Nobre disse que a Mata Atlântica que nos resta, talvez menos de 10% de florestas, se acha muito fragmentada. “Então o esforço enorme tem de ser feito com relação à Mata Atlântica”, defendeu.
(Por Alana Gandra,
Agência Brasil, 11/03/2007)