Projetos em agricultura dentro de centros urbanos começaram a ser selecionados esta semana pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) para servirem de modelo na elaboração do Programa Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana. As primeiras experiências de agricultura da Grande São Paulo foram levadas à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.
Ao todo, foram apresentadas vinte experiências em agricultura dentro de áreas urbanas, desde a implementação à comercialização do produto. Dessas, dez foram selecionadas e serão apresentadas em Brasília num encontro nacional, na primeira quinzena de maio.
Ao longo dos próximos dois meses, outras sete reuniões serão realizadas em diferentes pontos do país pelo MDS, pela Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan), em parceria com organizações não-governamentais. Em cada uma, serão selecionados modelos, haverá troca de experiências e de propostas para o encontro nacional.
De acordo com Crispim Moreira, diretor de promoção de sistema descentralizados do MDS, “o mapeamento para identificar as alternativas” de cada metrópole em agricultura urbana e periurbana está sendo feito com cooperação de técnicos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, em inglês ).
Segundo o diretor do MDS, no encontro nacional será “discutido um documento referencial” com as principais propostas para agricultura em centros urbanos. Ele espera que o Programa Nacional decorrente desse encontro estimule as prefeituras a adotarem as tecnologias e modelos experimentados, como opção de políticas públicas para aumento da renda familiar e melhoria na alimentação da população mais pobre.
Entre as propostas mais recorrentes apresentadas em São Paulo estavam a da criação de centros de referência para auxiliar os microprodutores, a formação de agentes ambientais para orientar os produtores, mudanças na legislação e a abertura de linhas de financiamento.
Elena Aparecida de Araújo, coordenadora de uma horto-comunidade em Guainazes, foi uma das escolhidas para participarem do encontro nacional. Ela trabalha há mais de 20 anos em um terreno cedido pela prefeitura que “servia de desmanche para carros”.
Ao todo, doze famílias trabalham na horta que chegou a produzir 18 mil pés de alface por mês, mas que hoje precisa de financiamento para manutenção. “Chegou dias em que a gente conseguia trinta, setenta reais ao mês. (...) No momento não chegamos nem ao necessário para manter a horta”, disse Araújo.
(Por Gabriel Corrêa,
Agência Brasil, 10/03/2007)