A família da empresária Elga Assmann teve uma surpresa na manhã de ontem. Na sala de casa, uma visita nada desejável: uma cobra. No susto, o animal foi morto e encaminhado para análise, para saber se era peçonhento ou não.
Uma série de situações como essa tem sido verificada em Santa Cruz nas últimas semanas. E na maioria das vezes o desfecho é a morte do animal. O professor Andreas Köhller, do Departamento de Biologia da Unisc, explica que a maior exposição dos répteis é normal nessa época. Segundo ele, um dos motivos tem a ver com a expansão da ocupação urbana de Santa Cruz. “O desmatamento e a construção de condomínios próximos ao Cinturão Verde e em áreas de matas faz com que esses répteis tenham que buscar outros espaços”, diz.
Outra explicação é que as serpentes que estão aparecendo ainda são jovens, com 30 a 40 centímetros de comprimento. Os animais nasceram neste ano e agora estariam procurando locais onde possam encontrar comida e abrigo durante os meses de inverno. Por isso, muitas acabam aparecendo dentro de pátios ou mesmo no interior de residências.
Uma das espécies mais freqüentes preocupa. Köhller diz que a presença da espécie coral verdadeira é cada vez mais comum em ambientes residenciais na região. De todos os espécimes que se desenvolvem no Vale do Rio Pardo, essa é a mais peçonhenta. “É uma serpente com veneno potente e que está conseguindo se adaptar às condições de mudança do ambiente”, afirma.
O animal pode ser identificado pela presença de anéis vermelhos, pretos e brancos que circulam todo o corpo da cobra. No caso das corais falsas, que não são peçonhentas, esses anéis não estão presentes na barriga, que é toda branca. O professor diz que 95% dos exemplares que chegam até a Unisc são da verdadeira.
DORMIDEIRA – Outra que também encontra ambiente adequado para se desenvolver em Santa Cruz é a dormideira, mesma espécie que apareceu na casa de Elga. Essa tem veneno, mas em concentração insuficiente para afetar um ser humano. No geral, explica Köhller, ela se alimenta de lesmas e outros pequenos animais. As escamas apresentam uma superfície quadriculada, com coloração que mescla branco e preto – ou cinza.
Para o biólogo, o ideal é que as cobras não sejam mortas. “É bom tentar observar o tipo de serpente e as atitudes dela. Talvez esteja até saindo do pátio já.” Se o réptil não se mover, pode-se tentar direcioná-lo para dentro de um recipiente como uma lata de lixo, e depois tampar.
A pessoa, então, pode entrar em contato com o Departamento Municipal do Meio Ambiente (Dema), que tem pessoal especializado para recolher o bicho. O Departamento de Biologia da Unisc também pode ser ativado, para que as cobras possam ser devolvidas à natureza.
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Gazeta do Sul, 09/03/2007)