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2007-03-09
Quando um acordo não alcança os objectivos que se propõe alcançar, podemos começar por dizer que estamos perante um equívoco. Todavia, quando o acordo dá origem a processos destinados a beneficiar alguém em detrimento de outrem, não podemos evitar o termo fraude.

É o que se passa com o Protocolo de Quioto, um acordo internacional que tem em vista a redução das emissões de dióxido de carbono oriundas da queima de combustíveis fósseis, o processo clássico com que o Homem tem vindo a obter as enormes quantidades de energia de que necessita, mas que recentemente foi responsabilizado pelo chamado efeito de estufa antropogénico, presumivelmente na origem de um hipotético “aquecimento global”.

Na verdade, o Protocolo de Quioto jamais alcançará os objectivos que se propõe alcançar, não impedindo que os combustíveis fósseis sejam queimados até à exaustão. O que não se queima num dia, queima-se em qualquer outro dia. Se não forem os europeus, serão os americanos, os australianos e todos quantos não aceitaram o protocolo, sobretudo a Índia e a China, países que acolhem quase metade da população do planeta, e que, sob o pretexto de estarem ainda em desenvolvimento, não prescindem de queimar todos os combustíveis a que possam recorrer para alcançar os níveis de bem estar dos países desenvolvidos. Possivelmente estão no seu direito, mas nestas condições o protocolo não tem qualquer efeito prático.

Se bem que a emissão de dióxido de carbono para a atmosfera, ao ritmo de quase dez mil milhões de tonelados por ano, não seja coisa que se recomende, o protocolo não terá efeitos práticos por uma razão simples : não existe alternativa próxima para a obtenção de energia nas quantidades colossais de que o Homem necessita, sem queimar combustíveis fósseis. As alternativas viáveis, ou ainda não estão disponíveis, como é o caso da energia de fusão nuclear e da energia fotovoltaica mas com preço aceitável, ou, se existem, como acontece com a energia de cisão nuclear, são diabolizadas pelos mesmos que glorificam o protocolo de Quioto.

A fraude de Quioto observa-se igualmente na atitude de muitos dos seus promotores. Ainda há poucas semanas, um dos mais entusiastas defensores das energias renováveis, dizia, perante o ministro da Economia e o ministro do Ambiente, sem que estes pestanejassem, que “a fatalidade de Portugal era não dispor de combustíveis fósseis”. Mas, à parte estas distracções, compreensíveis em quem ganha a vida nestes negócios, o dramático é que a fundamentação do Protocolo de Quioto, a pseudo-teoria do “aquecimento global”, está longe de ser uma teoria científica, como os seus defensores não se cansam de gritar.

O sucesso desta teoria reside apenas na hábil manipulação da opinião pública internacional, compreensivelmente atemorizada com a perspectiva de fusão dos gelos polares e consequente subida do nível dos oceanos. Mas podem os arautos da desgraça garantir que o aquecimento do planeta, a verificar-se, é devido às emissões de dióxido de carbono? Estamos à espera de provas irrefutáveis. E não é o aplauso do livro e documentário cinematográfico de Al Gore, ainda que laureado na recente cerimónia dos óscares, que fazem de uma simples hipótese uma teoria científica.

Aliás : e se o aquecimento existisse mesmo e fosse devido a causas naturais, como as que têm provocado os ciclos de aquecimento e arrefecimento de zonas do planeta ao longo de milhões de anos, ainda antes de existirem homens a queimar o que quer que fosse? Lançava-se uma proibição sobre a Natureza? O Protocolo de Quioto permitiu que, à sombra das imposições estabelecidas, sejam canalizadas volumosas importâncias para ONG, grupos de pressão e, convenientemente (lá está) para gurus do catastrofismo global. E permitiu também, por mais incrível que pareça, que florescesse um novo e imaginativo negócio : o comércio de emissões! Se não emites tu, toma lá uns euros que emito eu! Há que felicitar os rapazes do ‘power point’ pela sua criatividade.
(Por Jorge Pacheco de Oliveira, Diário Econômico, 08/03/2007)
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/747322.html

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