O Dia Internacional da Mulher foi escolhido por agricultoras ligadas à Via Campesina para protestar contra as empresas de celulose e o plantio de eucaliptos, a que chamam de "deserto verde", e contra a visita do presidente norte-americano George W. Bush ao Brasil. Mas em Barra do Ribeiro ocorreu o oposto: um ato de desagravo à destruição do laboratório da Aracruz, há um ano.
Em outras cidades, houve espaço para debates sobre os direitos da mulher e até para discutir ecologia. Em São Leopoldo, centenas de mulheres fizeram passeata para alertar sobre a necessidade de preservação do Rio dos Sinos.
São Leopoldo
A comemoração serviu para destacar a importância da água e recordar a mortandade de milhares de peixes, ocorrida em outubro passado no Rio dos Sinos.
Centenas de mulheres percorreram ruas centrais do município até a ponte 25 de Julho, sobre o Sinos, onde foi realizado um ato que contou com a participação de diferentes religiões. A atividade durou cerca de quatro horas.
Rio Grande
Cerca de 2 mil trabalhadoras rurais participaram ontem de um encontro regional, em Rio Grande. A promoção do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Rio Grande reuniu mulheres de diversos municípios da região. Elas tiveram palestras e debates.
À tarde, fizeram um passeio pelo centro histórico, pelo superporto, pelos molhes da barra e pelo balneário Cassino.
Pelotas e Santa Maria
Cerca de 500 pessoas ligadas à Via Campesina que desocuparam ontem pela manhã uma fazenda da Votorantim Celulose e Papel, em Pinheiro Machado, rumaram para Pelotas.
No início da tarde, os oito ônibus de sem-terra chegaram ao largo do Mercado Público, juntando-se a integrantes de outros movimentos sociais, sindicatos, universitários e organizações não-governamentais. Às 15h começou uma passeata em protesto contra as empresas de celulose.
Em Santa Maria, o vermelho foi a cor que predominou na Praça Saldanha Marinho. A cor esteva nas bandeiras, nos bonés e nas camisetas da Via Campesina. As agricultoras reivindicavam a substituição de monoculturas, como a de eucalipto, por plantações diversificadas.
Barra do Ribeiro
Diferentemente do que ocorreu em outros pontos do Estado, 40 mulheres visitaram o horto florestal da Aracruz, em Barra do Ribeiro, cujo laboratório foi destruído por manifestantes da Via Campesina há um ano, para um ato de desagravo no local. Depois de distribuírem rosas brancas às trabalhadoras do horto, as mulheres leram um manifesto e descerraram uma placa com o seguinte texto:
"No Dia Internacional da Mulher as produtoras rurais gaúchas se mobilizam em defesa da propriedade, contra a invasão, a barbárie e a impunidade, exaltando a produção e a liberdade".
- Foi para lembrar o terrorismo feito lá há um ano - disse Zênia Aranha da Silveira, presidente da comissão de produtoras rurais da Farsul.
(
Zero Hora, 09/03/2007)