Prefeitura e Senai de Estância Velha (RS) dividem custos para monitorar afluente do Rio dos Sinos
2007-03-08
O monitoramento da qualidade da água exige não apenas vontade e técnicos competentes, mas recursos econômicos. A Prefeitura de Estância Velha vem, desde 1999, destinando parte de sua receita a esse tipo de trabalho em relação ao arroio que leva o mesmo nome do município e, recentemente, no episódio que implicou a primeira mortandade de peixes no Rio dos Sinos, em outubro do ano passado, destinou R$ 20 mil para ajudar a custear gastos com a perícia coordenada pela comarca do Ministério Público daquela cidade. “Tão logo ficamos sabendo do lançamento de percolados pelo mato e pelo Arroio Portão [nome do mesmo arroio no município vizinho], organizamos vistorias e relatórios técnicos”, conta o secretário municipal do Meio Ambiente, Claudemir Ferreira dos Santos.
O Centro Tecnológico do Couro, unidade do Senai localizada em Estância Velha, também vem contribuindo para esse monitoramento desde 2002. Conforme Santos, é um trabalho realizado em parceria com a secretaria e tem por objetivo o aumento dos parâmetros analisados. “Nosso projeto prevê o monitoramento de 30 pontos, mas não podemos analisar todos esses, então selecionamos oito”, afirma o secretário. A seleção desses pontos ocorre porque cada análise custa cerca de R$ 3 mil. “O Senai paga três análises, a Prefeitura paga cinco”, informa.
Antes do desastre ambiental, a periodicidade das coletas e análises era bimestral, mas passou a ser realizada com maior freqüência em locais fixos, desde a nascente do curso d'água, que se chama Arroio Estância Velha quando naquele município, percorrendo um trecho de sete quilômetros até o município vizinho de Portão – quando então o arroio muda de nome.
Aliás, Portão está dando início ao mesmo tipo de monitoramento, realizando coletas nos mesmos dias que Estância Velha e também em pontos definidos, com os mesmos parâmetros. São analisados, por exemplo, os teores de cromo e mercúrio, entre outros metais pesados, além de nitrogênio, fósforo e as demandas química (DQO) e biológica (DBO) de oxigênio, num total de 20 parâmetros. O último ponto de monitoramento fica antes da saída da Utresa, usina de resíduos industriais perigosos hoje sob intervenção da Justiça, localizada na região limítrofe entre Estância Velha e Portão.
“Temos acompanhado a diferença de qualidade do arroio desde novembro. Coletamos amostras de água em outubro passado, quando houve mortandade de peixes, e comparamos essa qualidade à do Arroio Portão logo depois da saída da Utresa. Os resultados foram importantes”, resume o secretário.
(Por Cláudia Viegas, AmbienteJÁ, 08/03/2007)