Ricos são responsáveis por 80% do desmatamento da Amazônia, diz consultor do Bird
2007-03-08
O consultor do Banco Mundial (Bird), Kenneth Chomitz, esteve na segunda-feira (5/3) em Manaus para divulgar pesquisa feita por ele e mais quatro cientistas sobre alguns aspectos socioeconômicos e ambientais da Amazônia, entre eles o desflorestamento. O relatório - denominado “Expansão da Agricultura, Redução da Pobreza e Meio Ambiente nas Florestas Tropicais” - foi divulgado pela primeira vez no último trimestre do ano passado, em âmbito mundial, mas só agora Chomitz veio à capital do Amazonas mostrar os indicativos da investigação, que gerou conclusões específicas para a Amazônia.
O relatório aponta para o fato de que o desmatamento na floresta amazônica não é culpa de pobres ou ricos (a partir de suas necessidades financeiras), mas sim de um conjunto global de fatores econômicos. De acordo com Chomitz, que é economista, o aumento de salários e a urbanização de zonas rurais é o que poderia, no futuro, forçar populações de baixa renda a diminuir o número de ações de desmatamento. Além disso, o consultor do Bird ressaltou que, no caso das populações de renda elevada, elas são responsáveis até por 80% do desflorestamento anual. “Os pobres desmatam, mas os ricos também. Uma renda alta talvez não impeça o desmatamento”, ressaltou em relatório.
De acordo com Chomitz, o foco do problema não está na condição financeira das pessoas que habitam as áreas florestais, mas sim no modo como esses povos vivem e trabalham para se sustentar. “Instituições mais avançadas em gestão de florestas podem impedir o desmatamento em troca de efêmeros ganhos”, destaca o economista na pesquisa.
Outro ponto enfatizado por Chomitz é a defesa do uso dos créditos de carbono como mecanismo para evitar o desmatamento das florestas tropicais. E mais. Como o relatório foi divulgado pouco antes da última conferência das Nações Unidas sobre mudança climática (COP12 – COP/MOP2), ano passado, em Nairóbi, no Quênia, o economista já se mostrava inovador e pioneiro na área, no que tange aos debates sobre o seqüestro de carbono.
Questão polêmica ressaltada no relatório é a afirmativa de que o desflorestamento na Amazônia é maior onde o preço do gado para o produtor é mais alto. Nessa parte, a pesquisa questiona o porquê de alguns lugares na Amazônia experimentarem transições florestais sem que isso gere pobreza; enquanto que há outras regiões que passam pelo mesmo processo e acarretam em extrema penúria financeira aos habitantes e trabalhadores do local.
(Por Renan Albuquerque, Amazonas Em Tempo, 07/03/2007)
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