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2007-03-08
Os governos de Cuba e da Venezuela pretendem avançar de maneira conjunta na corrida pelos biocombustíveis, apostando para a extração de álcool da cana-de-açúcar, por entenderem que tem um impacto desfavorável menor sobre a produção de alimentos. Fontes oficiais cubanas definiram o programa alcooleiro de colaboração que os dois países colocaram em marcha como parte dos “esforços conjuntos” para proteger o meio ambiente, reduzir o consumo de combustíveis fósseis e fomentar fontes alternativas de energia sob o princípio de não usar cereais na fabricação de combustível.

Atualmente a Venezuela importa etanol brasileiro para suas misturas de gasolina distribuída na parte oriental do país, em substituição ao metil terbutil éter (MTBE), um produto contaminante usado para oxigenar o combustível. “Os venezuelanos prevêem, em uma primeira etapa, alcançar uma mistura de 8% de etanol”, informou o diretor do instituto Cubano de Pesquisas dos Derivados da Cana-de-Açúcar, Luis Gálvez, em um painel transmitido pela televisão sobre energias alternativas no qual especialistas alertaram que a corrida pelo álcool combustível ameaça a produção de alimentos.

Os planos da Venezuela prevêem semear cerca de 276 mil hectares de cana destinada à produção, uma vez extraído os açúcares, de, aproximadamente, 25 mil barris diários de álcool combustível. À sombra de uma ampla bateria de projetos de colaboração no valor de US$ 1,5 bilhão assinados em 28 de fevereiro, os dois governos oficializaram um acordo para a instalação na Venezuela de 11 usinas de etanol e o desenvolvimento da produção de cana com essa finalidade.

Na mesma oportunidade, o ministro cubano do Açúcar, Ulises Rosales del Toro, e o ministro venezuelano de Energia e Petróleo, Rafael Ramírez, assinaram os contratos para o fornecimento das quatro primeiras usinas, segundo uma ampla reportagem publicada pelo jornal Granma. “Cuba está desempenhando um papel importante não somente no fornecimento à Venezuela de algumas instalações açucareiras disponíveis no país, mas, também ao colaborar em aspectos de caráter tecnológico”, explicou Gálvez. O funcionário defendeu a produção de álcool a partir da cana-de-açúcar em lugar do milho, grão a partir do qual os Estados Unidos fabricam todo o etanol que consomem.

Os Estados Unidos são o segundo produtor mundial de álcool, depois do Brasil. Em sua opinião, a cana fornece resposta positiva para os três cenários que hoje preocupam a humanidade, que são os alimentos, a energia e o meio ambiente. “Neste momento não se pode produzir açúcar se não estiver ligado ao álcool e à energia, por razões econômicas e de mercado”, disse Gálvez, que deu como exemplo notável dessa “produção flexível” o caso do Brasil, líder mundial na produção de álcool combustível. Fontes especializadas ouvidas pela IPS calcularam que com uma tonelada processada de cana pode-se produzir entre 65 e 90 litros de álcool. Também destacaram que a obtenção de fontes naturais não tem impacto no efeito estufa.

Outros especialistas participantes do fórum na televisão estatal cubana insistiram no perigo que implica a febre dos biocombustíveis para os países do Sul, pois as nações industrializadas “falam em substituir uma fonte (de energia) por outra, sem mudar” os padrões de alto consumo que têm atualmente. “Estão considerando um esquema em que a maior parte destes combustíveis seja produzida em nações subdesenvolvidas da Ásia, América Latina ou África, de onde seriam exportados para o mundo industrializado”, alertou Ramón Pichs, pesquisador do Centro de Pesquisas da Economia Mundial.

Nessa estratégia, os países em desenvolvimento forneceriam grandes extensões de suas terras de cultivo e mão-de-obra barata, com impacto negativo na produção de alimentos e no meio ambiente, acrescentou o especialista. Segundo estimativas de Pichs, para com biocombustível durante duas semanas o tanque de cinco galões de um automóvel são necessários os grãos com os quais se pode alimentar 26 pessoas durante um ano. O interesse crescente pelos biocombustíveis tem sua origem nos altos preços do petróleo, na responsabilidade do combustível fóssil o aquecimento global e seu caráter de fonte de energia não renovável.

Cuba, que em 2002 submeteu sua indústria açucareira a uma reestruturação que implicou o fechamento de metade dos 156 engenhos que possuía e uma forte redução no cultivo da cana, também tem interesse em fabricar álcool combustível, embora basicamente para a exportação. Para isso o governo colocou em prática um cronograma de modernização de pelo menos 11 e suas 17 destilarias e pretende instalar outras sete, para dedicar-se fundamentalmente à produção de etanol desidratado, que é usado como combustível, pois foram eliminados os 4% de água que possui o álcool normal.

O programa requer um investimento estimado entre US$ 100 milhões e US$ 150 milhões e aumentara para cerca de 500 milhões de litros anuais a produção de etanol, estimada atualmente entre 100 milhões e 150 milhões de litros ao ano. Cuba e Venezuela mantêm estreita relação política e econômica e levam adiante uma estratégia de integração denominada Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), à qual no ano passado somou-se a Bolívia e recentemente a Nicarágua, depois da posse, em 10 de janeiro, do novo presidente nicaragüense, Daniel Ortega.

O acordo em matéria de energia vigente desde 2000 garante a entrega pela Venezuela de 93 mil a 100 mil barris diários de petróleo a Cuba, além de apoio tecnológico para o desenvolvimento da produção de petróleo e gás nesta ilha do Caribe. Após finalizar a reunião em Havana para analisar o andamento de um vasto convênio integral de colaboração em vigor há mais de seis anos, os dois países concordaram em estimular o desenvolvimento de novas fontes energéticas em Cuba e na Venezuela, com beneficio também para “outras nações irmãs”.
(Por Patricia Grogg, IPS, 07/03/2007)
http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=28759&edt=1

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