Relatório da FAO mostra que 75% dos recursos pesqueiros continuam ameaçados
2007-03-07
O último relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) indica que, em 2004, 25% dos recursos pesqueiros continuavam sendo superexplorados ou estavam esgotados, enquanto 52% eram explorados no nível máximo.
O documento, intitulado "O estado mundial da pesca e da aqüicultura" e baseado em dados referentes a 2004, mostra, portanto, que três quartos dos recursos continuam ameaçados.
No entanto, o número de recursos superexplorados e esgotados se manteve nos últimos dez ou quinze anos, após um grande aumento nas décadas de 1970 e 1980. Concretamente, 17% das espécies estão superexploradas, 7%, esgotadas e 1% se recupera do esgotamento, enquanto 52% estão no máximo de sua capacidade, o que significa que um nível maior de capturas tornará impossível seu sustento.
Apenas 20% das espécies estão moderadamente exploradas e 3%, pouco exploradas. No documento, a FAO expressa sua grave preocupação com as capturas em alto mar, especialmente no que se refere a algumas espécies como os tubarões oceânicos migratórios.
"O estado de exploração das espécies de ciclos altamente migratórios é similar ao de todas as populações de peixes supervisadas pela FAO, mas o dos tubarões oceânicos altamente migratórios parece mais problemático, já que mais da metade das espécies sobre as quais se tem informação estão superexploradas ou esgotadas", diz o relatório.
No total, a produção mundial da pesca e aqüicultura em 2004 cresceu para 140,5 milhões de toneladas, por um valor estimado em cerca de US$ 84,9 bilhões, número que representa um crescimento de 3,6% em relação a 2003.
Essa produção equivale a uma provisão per capita aparente de 16,6 quilos (equivalente do peso do animal vivo), que é o mais alto registrado na história, segundo a FAO. Cerca de 105,6 milhões de toneladas de pescado são diretamente para o consumo humano, enquanto o resto é utilizado para produtos alimentícios, como a fabricação de farinhas e óleos.
Das 140,5 milhões de toneladas pescadas, 95 milhões foram capturas em liberdade e 45,5 em aqüicultura, o que representa 32,8% do total e mostra seu contínuo aumento. "A aqüicultura segue crescendo mais rapidamente que qualquer outro setor de produção de alimentos de origem animal e sua taxa de crescimento no mundo é de 8,8% ao ano desde 1970, enquanto a pesca de captura cresceu somente em torno de 1,2% e os sistemas de produção de carne de criação em terra, 2,8%", ressalta o relatório.
No entanto, a FAO considera que "há sinais de que a taxa de crescimento da aqüicultura mundial possa ter alcançado sua cota máxima". Da pesca total, 104,1 milhões de toneladas pertencem a águas marinhas e 34,6 milhões, a águas doces. Os dez principais países produtores são China, Peru, Estados Unidos, Chile, Indonésia, Japão, Índia, Rússia, Tailândia e Noruega, quase sem variação em relação a anos anteriores.
A exceção foi o Chile, que avançou uma posição, em parte devido a uma maior captura da anchova peruana, espécie cuja pesca sofre grandes oscilações por sua vinculação com o fenômeno climático El Niño. Os dez principais países importadores de pescado são Japão, Estados Unidos, Espanha, França, Itália, China, Reino Unido, Alemanha, Dinamarca e Coréia do Sul; enquanto os dez maiores exportadores são China, Noruega, Tailândia, Estados Unidos, Dinamarca, Canadá, Espanha, Chile, Holanda e Vietnã.
(EFE, 06/03/2007)
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