Químicos industriais provocaram espuma no canal Santa Bárbara, em Pelotas
2007-03-07
O Serviço Autônomo do Saneamento de Pelotas (Sanep) confirmou ontem (6/3) que a espuma no Canal Santa Bárbara foi provocada pelo derramamento de químicos industriais. O laudo confirmou as especulações iniciais sobre as causas do problema. A autarquia avaliou amostras da água, coletada no local onde se formou a substância que era arremessada pelo vento para a avenida João Goulart, na noite da última sexta-feira e no sábado. As análises do esgoto ficarão prontas até o final da semana.
De acordo com a bioquímica e chefe do Departamento de Tratamento do Sanep, Isabel André, o resultado indica um nível levemente aumentado de fosfato. A água afetada, porém, fica abaixo do manancial. "Não tem nada a ver com a água do Santa Bárbara, isso vem do Distrito Industrial. Mas, com toda certeza, existe saponificação, algo como uma espuma de detergentes e produtos lançados por indústrias", falou. Além do Sanep, a Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA) e a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) devem estar integradas no monitoramento da situação.
Próximo passo
Embora não tivesse conhecimento do laudo oficial quando contatado pela reportagem, o titular da SQA, Leonardo Cardoso, afirmou que o próximo passo é buscar o possível responsável pelo caso. "Dependendo do que deu, nos reuniremos com o Sanep para tomar medidas cabíveis e, em função do que realmente ocorrer, penalizar os responsáveis", disse o secretário.
As penalidades a que Cardoso se refere fazem parte do procedimento administrativo da Fepam, órgão responsável por conceder licenças para as indústrias. "Ordinariamente é aberto um processo em Porto Alegre e os técnicos analisam as informações da empresa antes de licenciar. Existindo licença, são determinados padrões para o empreendedor, inclusive sobre o lançamento de efluentes", explicou o engenheiro agrônomo da Fepam Regional, Paulo Duarte. De acordo com ele, quando há comprovação de que a empresa excedeu os limites combinados em contrato e gerou dano ambiental, a Fundação toma uma série de medidas que podem ir desde autos de infração até multas.
Relembre o caso
Na sexta-feira à noite e durante o sábado, motoristas que trafegavam pela avenida João Goulart, próximo à Rodoviária, foram surpreendidos por uma espuma malcheirosa saída do canal Santa Bárbara e propagada por rajadas de vento. Apesar de branca, a substância parecia ter sido formada por algum líquido de cor levemente caramelada.
Com o movimento das águas do canal, a espuma formava conjuntos que eram arremessados para a pista à medida que o vento se intensificava. Alguns blocos eram tão grandes que quase chegavam a cobrir os pára-brisas dos veículos. Quem arriscava desviar, ficava sujeito a acidentes.
Em 2003, situação semelhante foi verificado no canal São Gonçalo. A espuma também era causada pelo atrito entre as águas poluídas por químicos que chegavam em alta velocidade às águas do canal. Quando o nível ficava mais baixo, a situação se intensificava, chegando a cobrir a superfície das águas.
(Diário Popular, 07/03/2007)
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