O Rio Grande do Sul está mais perto de desenvolver a produção de álcool em seu território. Um protocolo de intenções entre a
Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) e o governo federal para estimular a pesquisa e a fabricação do combustível será
assinado hoje (7/3). O orçamento previsto para as ações é de R$ 8,2 milhões, com aplicação entre 2007 e 2009.
Segundo a Fiergs, estudo do Centro de Tecnologia Canavieira aponta que o Estado pode produzir cana-de-açúcar em 300 mil
hectares nas regiões norte e noroeste e que a produção de álcool poderia gerar R$ 1,2 bilhão de faturamento ao ano, a partir
da instalação de 10 usinas.
- Hoje somos importadores de álcool - afirma Paulo Tigre, presidente da Fiergs, que deve assinar o convênio em cerimônia, em
Brasília, na qual são esperados os ministros da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, e da Casa Civil, Dilma Rousseff.
A Embrapa também assinará o protocolo de intenções. A expectativa do presidente da entidade, Sílvio Crestana, é de que as
primeiras ações, envolvendo pesquisa, sejam deflagradas "imediatamente".
- O Rio Grande do Sul tem variações importantes de solo e clima. Estamos assumindo o compromisso de adaptarmos tecnologia
para o solo gaúcho - destaca.
O pesquisador da unidade da Embrapa Clima Temperado (Pelotas) Sérgio Silva explica que boa parte dos recursos serão
destinados justamente para o desenvolvimento de cultivares ao Rio Grande do Sul e ao financiamento de bolsas de pesquisas
sobre o tema na própria instituição e em universidades gaúchas.
- Temos muito pouca pesquisa sobre cana-de-açúcar, e ainda assim há áreas que produzem muito bem no Estado. Acredito que em
oito anos poderemos chegar ao nível da pesquisa de São Paulo, que é referência mundial no assunto - afirma o pesquisador.
Por produzir apenas 2% do álcool que consome (em uma usina de Porto Xavier), os gaúchos pagam em média R$ 0,49 mais do que os
paulistas pelo litro do combustível. Para atender a toda a demanda estadual, pelo menos 125 mil hectares de cana-de-açúcar
deveriam ser plantados e processados, calcula o engenheiro agrônomo da Emater Alencar Ruggeri.
- Isso é a nossa demanda mínima, já que hoje temos 85% dos carros produzidos flex, que só não são mais abastecidos com álcool
porque a gasolina é mais econômica em muitos casos - diz o especialista, que estima um potencial ainda maior para a produção
de cana no Estado.
A produção de cana-de-açúcar no Estado
Destino / Hectares
Álcool: 2,5 mil
Açúcar, melado, cachaça: 7,5 mil
Uso na propriedade (alimentação animal, subsistência...): 25 mil
Total: 35 mil
As etapas do projeto
1 - Realização de um estudo de viabilidade técnica e econômica do cultivo em solo gaúcho
2 - Mapeamento das áreas potenciais para a criação de pólos produtivos e desenvolvimento de agroindústrias
3 - Criação de uma rede de informações de competitividade para o etanol, avaliando possibilidades de mercado, de custo de
produção e de renda
(
Zero Hora, 07/03/2007)