Para ONU, etanol pode não amenizar aquecimento global
2007-03-06
É muito cedo para dizer se o etanol vai ajudar no combate ao aquecimento global, disse o diretor do programa ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU) na segunda-feira (05/03), antes de um encontro entre os dois maiores produtores mundiais do produto para discutir a criação de um mercado mundial para o biocombustível.
"Estamos vendo a expansão da produção de etanol em várias partes do mundo, e estamos nos estágios iniciais de entendimento das implicações desse desenvolvimento", disse o diretor do programa ambiental da ONU (Unep), Achim Steiner, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Ninguém pode dar nenhuma conclusão como certa", disse.
Lula pretende impulsionar o comércio mundial de etanol da cana-de-açúcar, que é mais barato e oito vezes mais eficiente energeticamente do que o etanol feito do milho, matéria-prima usada nos Estados Unidos.
Lula se reunirá na sexta-feira com seu colega norte-americano George W. Bush, que pretende substituir um percentual do consumo de gasolina dos EUA por etanol feito do milho para ajudar os produtores e reduzir a dependência do petróleo, especialmente por causa do antagonismo entre EUA e grandes produtores da commodity como Venezuela e Irã.
Os Estados Unidos são os maiores produtores e consumidores de etanol, mas o Brasil é o maior exportador e usa o etanol como combustível nos carros há 30 anos. Ambientalistas defendem o uso de etanol porque os gases do efeito estufa que ele produz ao queimar são absorvidos novamente por novas plantas, enquanto os gases produzidos por combustíveis fósseis são quase que certamente relacionados ao aumento nas temperaturas globais, segundo cientistas.
Mas Steiner disse que a construção de um mercado global de etanol não vai necessariamente reduzir o montante de gás carbônico lançado no ar, a não ser que existam normas apropriadas para a produção de biocombustíveis e inovações para a produção de etanol de fontes celulósicas.
(Por Andrea Welsh, Reuters, 05/03/2007)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2007/03/05/ult27u60356.jhtm