CUT fará mobilização para banir amianto do País
2007-03-06
A decisão do governo brasileiro de manter o uso controlado do amianto, fibra cancerígena usada principalmente na fabricação de telhas e caixas d"água, conforme informou O GLOBO no domingo (4/3), é alvo de críticas de sindicalistas e ambientalistas. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), que defende o fim do amianto nas fábricas, anuncia que vai fazer protestos no país para mudar a posição governamental, assim como os ecologistas. Já a Força Sindical, que apóia o uso controlado do produto, defende um controle maior nas fábricas.
- Vamos fazer uma grande mobilização para que a posição do governo seja revogada. Há ministérios mais sensíveis e a favor do banimento, como os do Trabalho e da Saúde. As divisas com a exportação do amianto acabam sendo dirigidas para o tratamento de doentes. Foi uma posição covarde do governo - disse Waldemar Pires de Oliveira, presidente da Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores da Construção Civil filiados à CUT.
João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, afirmou ontem que o movimento sindical defende o uso controlado, com organização no local de trabalho.
- Não podemos banir a matéria-prima por não haver organização sindical nas empresas. Sindicatos e comissões internas de prevenção de acidentes devem cuidar do ambiente seguro.
Fernanda Giannasi, auditora fiscal do Trabalho e coordenadora da Rede Virtual Cidadã pelo Banimento do Amianto, disse que ficou decepcionada com a decisão do governo:
- O PT sempre foi um aliado nessa luta pelo banimento. A maioria das leis e projetos, tanto estaduais como federais, é de autoria de petistas. Agora não há o que esperar. A decisão está tomada, e estamos mobilizando as pessoas para pressionar o governo e o Congresso.
Campanha informativa chega ao Rio antes do Pan
Em dezembro, a Rede Virtual lançou a campanha "Amianto Mata". Antes da abertura dos Jogos Pan-Americanos, em julho, a campanha chega ao Rio.
Ana Maria Celestiano viu a família se esvair em sete anos. Foram quatro mortes, por doenças causadas pelo amianto no tempo em que trabalharam na fábrica têxtil Asberit, em Barros Filho, no Rio. Primeiro morreram o tio Júlio Alegrete e a tia Dulcília Ferreira, em 2000. Ambos de asbestose, o chamado pulmão de pedra. Três anos depois foi a mulher de Alegrete e tia de Ana Maria, Dulcelina da Costa Alegrete, de mesotelioma, câncer da pleura. Uma lutadora na ajuda dos companheiros doentes. Por isso, uma das salas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) leva seu nome. Um ano antes, Ana Maria viu o pai morrer de asbestose:
- Meu pai chegava em casa branquinho de amianto.
(Por Cássia Almeida, O Globo, 05/03/2007)
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