Mais uma amostra do efeito danoso da poluição promovida pelo homem acaba de ser destacada. De acordo com um grupo de cientistas de diversas instituições dos Estados Unidos, a poluição produzida na Ásia altera a química da atmosfera e causa mudanças no padrão de tempestades no continente, que acabam influindo em todo o clima do hemisfério Norte.
O estudo foi feito por um grupo coordenado por Mario Molina, do Departamento de Química e Bioquímica da Universidade da Califórnia em San Diego. Nascido na Cidade do México, Molina ganhou o prêmio Nobel de Química em 1995 por pesquisas com a camada de ozônio.
Os resultados da pesquisa serão publicados nesta semana no site e em breve na versão impressa dos Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).
Nas últimas décadas, análises feitas a partir de imagens obtidas por satélites revelaram um aumento nos aerossóis atmosféricos, especialmente sulfatos e fuligem derivada da queima de carvão, particularmente na Índia e na China. Os aerossóis influenciam na formação e duração de nuvens e na precipitação, mas não se sabe qual é a extensão dessa ação.
No novo estudo, os pesquisadores analisaram dados atmosféricos colhidos entre 1984 e 2005 e verificaram a relação entre a emissão de poluentes na Ásia e a formação de nuvens convectivas profundas.
O resultado foi o aumento no número de tempestades intensas. Comparação com nuvens convectivas profundas entre dois períodos, 1984 a 1994 e 1994 a 2005, mostrou que o aumento nesse tipo de nuvens ficou entre 20% e 50%.
O estudo destaca que as tempestades no Pacífico têm papel crítico na circulação atmosférica global e que a alteração em seu padrão pode promover um impacto significativo no clima do planeta. O artigo "Intensification of Pacific storm track linked to Asian pollution", de Mario Molina e colegas, pode ser lido por assinantes da Pnas em www.pnas.org.
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Agência Fapesp, 06/03/2007)