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2007-03-06
Um novo tipo de fibrocimento, composto com fibras de escória, poderá ser usado como alternativa ao cimento-amianto na confecção de telhas, placas planas e acessórios, como caixas d’água e suportes para ar condicionado. A novidade surge após uma linha de pesquisas desenvolvidas pelo engenheiro Carlos Eduardo Marmorato Gomes, formado na Universidade de São Paulo. "Considero que seja um produto ‘ecologicamente correto’, já que o amianto, usado no método tradicional de fabricação desses produtos é extraído da natureza e é nocivo à saúde", ressalta o engenheiro.

Protótipos do fibrocimento já foram construídos e aprovados em testes de resistência e durabilidade. A escória usada no processo é um subproduto da siderurgia. Gomes explica que boa parte deste material é encaminhado a aterros sanitários, "o que também é prejudicial ao meio ambiente". Além da escória, o novo produto é constituído por um composto híbrido de fibras poliméricas e de celulose.

De acordo com o engenheiro, além do ganho ecológico, considerando-se todo sistema produtivo do novo fibrocimento, pode-se atingir a uma economia de 30% em relação ao produto convencional. Nos testes, a composição de uma telha de amianto foi constituída de 8% a 15% de amianto, cerca de 25% de calcário e por um composto híbrido de fibras poliméricas, celulose e escória. "O restante foi complementado com cimento Portland", conta Gomes. Contudo ele alerta não tratar-se de um ‘receituário’. "As composições podem variar de acordo com o produto e com o sistema de fabricação", diz.

Processo produtivo
Além da aspecto ecológico do novo produto, Gomes chama atenção para a inovação também no processo produtivo. "Poderá por meio deste produto, ser viabilizada uma nova tecnologia para a produção de moradias, denominada steel-frame", conta.

Além da aspecto ecológico do novo produto, Gomes chama atenção para a inovação também no processo produtivo. "Poderá por meio deste produto, ser viabilizada uma nova tecnologia para a produção de moradias, denominada steel-frame", conta.

Nos laboratórios, o método de fabricação usado foi o da extrusão, que mostrou-se mais econômico no gasto de energia elétrica, gerando menos resíduos e registrando menor consumo de água. "O método de produção convencional, denominado Hatschek, apesar de ainda usado na indústria nacional, pode ser considerado obsoleto", diz o engenheiro.

Os estudos de Gomes visaram principalmente a utilização do fibrocimento em habitações populares. "Temos a garantia de que esse novo produto tem durabilidade e resistência semelhantes aos convencionais. Além disso, atingiu níveis satisfatórios no que diz respeito às normas de aplicação", garante.

Dados de 2003, do Sindicato Nacional dos Produtores de Artefatos de Cimento (SINAPROCIM) mostram que no Brasil, naquele período, existiam cerca de 400 milhões de metros quadrados (m2) de cobertura, sendo que aproximadamente 50% desse total eram fabricados em amianto. "Em 2006, subiu para cerca de 420 milhões de m2 de coberturas, sendo 46,7% em fibrocimento de amianto. Isso mostra o mercado promissor para esses novos produtos", avalia.

Gomes realizou seu pós-doutorado no Grupo de Ambiência de Construções Rurais, sob a supervisão do professor Holmer Savastano Júnior. Parte de seus estudos foram desenvolvidos nos programas de mestrado e doutorado da EESC (Escola de Engenharia de São Carlos) e do IFSC (Instituto de Física de São Carlos). Segundo ele, a tecnologia está pronta para ser transferida à industria. Mais informações: (0XX16) 3362-6299, com Carlos Eduardo Marmorato Gomes; e-mail: marmorato@itelefonica.com.br
(Por Antônio Carlos Quinto, USP online, Agência USP online, 05/03/2007)

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