China promete adotar regras ambientais mais rígidas
2007-03-06
Autoridades chinesas prometeram na segunda-feira (05/03), durante a
sessão inaugural do Parlamento neste ano, atender às ordens do
primeiro-ministro Wen Jiabao para que o país consiga proteger o meio ambiente
sem abrir mão do crescimento.
A China descumpriu, em 2006, sua meta de reduzir em 4% a quantidade de
energia usada para produzir cada dólar do PIB, e em 2% as emissões de
poluentes. Em seu relatório de trabalho, apresentado na segunda-feira aos
parlamentares, Wen disse que essas metas são sólidas e inegociáveis.
Um dirigente do Ministério da Terra e dos Recursos disse à Reuters, sob
anonimato, que vários órgãos públicos estão trabalhando em um plano que
suspenderá todos os alvarás para projetos em setores poluentes e de elevado
consumo energético.
O ministério, segundo a fonte, já criou uma força-tarefa para inspecionar
esses projetos e enviou equipes a nove províncias para verificar se
investimentos recém-aprovados atendem aos critérios necessários.
"No ano passado, já introduzimos muitas medidas para controlar a distribuição
de terrenos, mas não foram implementadas de forma muito eficaz. Então, neste
ano, uma das nossas maiores prioridades é garantir que sejam eficientemente
cumpridas", afirmou o funcionário.
Algumas fontes disseram que as regras na distribuição de terrenos a setores
poluentes ficarão ainda mais rígidas, e outros funcionários anunciaram
iniciativas em suas respectivas áreas.
Durante o fim de semana, Pan Yue, vice-diretor da Agência Estatal de Proteção
Ambiental, sugeriu que os funcionários públicos sejam avaliados também
segundo seu comportamento ambiental.
O governo já começou a avaliar autoridades locais com base no "PIB verde",
uma medida da produção econômica que leva em conta os custos ambientais do
crescimento. Pequim deseja que questões como poluição do ar e eficiência
energética sejam tão importantes na mentalidade dos planejadores públicos
quanto o crescimento econômico.
Mas Pan acha que isso não basta. Ele considera o "PIB verde" um conceito
ainda imaturo e diz que, por isso, o governo deveria avaliar os funcionários
por critérios já existentes, como a qualidade do ar, investimentos em
tecnologias ambientais e a eficácia na implementação dos regulamentos.
Já há um projeto-piloto, a ser ampliado em breve, que vetaria projetos em
regiões ou setores que não tenham cumprido regras ambientais, acrescentou
Pan.
O governo também poderia rejeitar títulos honorários, como o de "cidade
verde", caso governos locais ignorem metas relativas a poluição e energia. Um
recurso como esse pode ser muito eficaz numa sociedade, como a chinesa, que
tanto preza a honra e a imagem.
Pan disse que a agência ambiental rejeitou, em 2006, investimentos de 160
bilhões de yuans (R$ 44 bilhões) devido a queixas do público a respeito de
questões ambientais.
Zhang Jianyu, gerente do programa para a China da ONG americana Environmental
Defense, elogiou o empenho no cumprimento das leis ambientais, mas disse que
as propostas de Pan não atacam a raiz do problema.
O que a China realmente precisa, argumentou Zhang, é aumentar as penas para
os violadores - "tragicamente baixas", segundo ele. Atualmente, a Lei da Água
prevê uma multa máxima para 200 mil yuans (R$ 55 mil) para violações comuns e
de 1 milhão de yuans (R$ 274,5 mil) para infrações graves.
(Reuters, 05/03/2007)
http://www.estadao.com.br/especial/global/noticias/2007/mar/05/182.htm