Respeito ao homem e ao ambiente explica procura por orgânicos, diz sindicalista
2007-03-05
A procura crescente pelos produtos orgânicos se explica pela exigência do mercado mundial de alimentos seguros e sem agrotóxicos, cuja cadeia produtiva respeite o respeito ao meio ambiente e ao homem. A avaliação é do produto Joecarlo Viana Valle, presidente do Sindicato dos Produtores de Orgânicos do Distrito Federal (Sindiorgânicos).
Valle diz que produção orgânica e agricultura familiar representam “um casamento perfeito”, pois trabalha “o resgate da auto-estima do produtor e tem o nome do produtor ligado ao produto”. Mas ele diz que o Brasil é sempre um destaque no agronegócio e constata que hoje grandes empresas e grandes áreas estão envolvidas na agricultura de orgânicos: “É o caso da cana-de-açúcar, com cerca de 30 mil hectares plantados em sistema orgânico de produção”.
O sindicalista explica que em países de Primeiro Mundo tem ganhado importância, além do selo de produto orgânico, o de responsabilidade social. Cita o caso de pequenos produtores de Poço Fundo (MG), que se uniram em cooperativa e estão, segundo ele, vivendo com qualidade, exportando produtos com os dois selos.
Há alguns anos, o produtor vendia seu próprio produto, mas hoje “isso tem evoluído bastante”, relato de Joecarlo Viana Valle. Ainda existem os produtores que fazem a vende direta, como no Sul, por exemplo. Mas no Sudeste, diz, “é o mundo dos atravessadores”, onde empresas se especializaram em ter produtores como fornecedores e só depois distribuem no mercado.
No caso da exportação, o presidente do Sindiorgânicos conta que, no Distrito Federal, uma ação em conjunto com o Sebrae, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o sindicato e a Federação de Agricultura e Pecuária está em curso para que vários pequenos produtores, por meio de uma cooperativa, trabalhem na fruticultura. “O cooperativismo é a grande saída quando se trata de pequenos produtores”, afirma.
Os hortifrutigranjeiros eram a grande força há cerca de cinco anos para venda no mercado interno, diz Valle. Não havia tecnologia e as pessoas não conheciam muito bem o que era o produto orgânico. Segundo ele, os primeiros produtos orgânicos a serem exportados foram café, soja, suco de laranja e açúcar. “Hoje, existem grandes feiras como a Mundo Orgânico, a Bio Brasil Fair e a Biofach América Latina, com grandes expositores que vendem desde refrigerantes e carne até roupas orgânicas.”
Quanto ao preço, ele avalia que é visível a diminuição da diferença em relação aos produtos não-orgânicos, e que isso se deve ao desenvolvimento tecnológico que está sendo aplicado no setor: “Perde-se menos, você planta e colhe aquela quantidade”. Muitas vezes, segundo ele, o que encarece o produto orgânico é a mão-de-obra – “emprega-se muito mais do que no sistema convencional”.
“Apesar da aproximação, nunca vai haver uma equiparação de preços entre orgânicos e não-orgânicos, já que são produtos diferentes”, ressalva Joecarlo Viana Valle. Ele defende “uma atuação governamental incentivando os produtores a entrar nesse novo mundo, para que haja maior sustentabilidade”.
(Por Gláucia Gomes, Agência Brasil, 04/03/2007)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/03/04/materia.2007-03-04.9849152891/view