Fiergs vê espaço para indústria gaúcha instalar dez usinas de processamento de cana e faturar R$ 1,2 bi/ano
2007-03-05
Grande produtor de etanol a partir da cana-de- açúcar, o Brasil entrou na agenda mundial da agroenergia empurrado pelos
interesses dos Estados Unidos e da decisão do governo norte-americano de, nos próximos dez anos, reduzir em 20% o consumo de
petróleo. Essa diferença percentual será reposta com energia renovável e o governo Bush quer ter o Brasil como principal
parceiro. O Rio Grande do Sul vai entrar nesse mercado. A Federação das Indústrias do RS (Fiergs) começou a avaliar as
oportunidades. 'É possível instalar dez usinas à base de cana-de-açúcar, com faturamento total de R$ 1,2 bilhão/ano, numa
área plantada de 300 mil hectares', diz o presidente da Fiergs, Paulo Tigre.
Essa conclusão, explica o industrial, é resultado das análises do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), de Piracicaba (SP).
As regiões Norte e Noroeste do Rio Grande do Sul, conforme o trabalho, representam para o Estado uma alternativa estratégica
de produção de cana. Cada uma das dez usinas teria condições de faturar R$ 120 milhões anuais com o processamento médio de 2
milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Com base no estudo do CTC, Tigre vê espaço para a indústria do RS prospectar esse
novo mercado.
O dirigente da Fiergs projeta oportunidades maiores. 'Poderemos chegar a 50 usinas e a uma área no Estado de 1,5 milhão de
hectares cultivados com cana-de-açúcar. Isso significaria faturamento anual de R$ 6 bilhões', calcula. Conforme o presidente
da entidade, nesse cenário, a indústria do RS tem grandes chances. 'O Estado é competitivo, tem um bom porto, com um bom
calado, estradas em condições razoáveis e, além da cana, há a possibilidade de obtenção do etanol a partir da celulose',
observa.
Os grandes investimentos em base florestal no RS podem ampliar a oferta do etanol e a participação do Estado na oferta do
combustível de fontes renováveis. Outros pontos a favor, em benefício da indústria, segundo o dirigente, são o forte parque
de máquinas agrícolas, indústria química desenvolvida e a de celulose com perspectiva de novas fábricas. Sem entrar na
questão política, como a discutida taxação de 0,54 dólar por galão (3,8 litros) imposta pelo governo dos EUA, a Fiergs está
otimista.
Para o presidente da federação, o custo de produção do etanol no Brasil é competitivo se comparado ao dos EUA, onde 70% do
combustível é extraído do milho - pois a produtividade da cana-de-açúcar é muito maior. Hoje, o setor nacional envolve 72 mil
agricultores, 350 usinas/destilarias, 3,6 milhões de empregos e gera, por ano, a média de R$ 12 bilhões em impostos. O
etanol, assinala Tigre, é um mercado mundial de 34 bilhões de litros, que pode chegar a 80 bilhões, em 2010, na ocupação do
mercado da gasolina.
(Por Heron Vidal, Correio do Povo, 05/03/2007)
http://www.correiodopovo.com.br/jornal/A112/N156/html/12RS9QUE.htm