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2007-03-05
O processo de degradação ambiental na Paraíba, como em outros Estados da região Nordeste, está avançando com o uso em larga escala dos recursos naturais para a produção de tecnologias e riquezas. A população que reside na maioria dos municípios está sendo afetada pela perda da capacidade produtiva dos solos, a crise de água potável, a redução da vegetação, as queimadas e alterações climáticas que serão herdadas pelas futuras gerações.

Segundo estimativas do geólogo da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Meio Ambiente, Ioman Leite Pedrosa, cerca de 200 municípios que compõem a área territorial da Paraíba são suscetíveis à desertificação. Isso quer dizer que ela pode ser registrada com grau de intensidade grave, moderado ou em pequenas áreas isoladas dependendo do município avaliado. Ele revelou que os dados não são oficiais, pois o diagnóstico do Ministério do Meio Ambiente (MMA) sobre a situação dos municípios do semi-árido ainda está em fase de elaboração pelo Comitê de Combate à Desertificação do MMA do qual ele faz parte.

Em virtude da ausência de estatísticas oficiais, ainda não existe um cálculo aproximado sobre a população atingida no Estado pela diminuição da produtividade das terras agrícolas e dos impactos ambientais. Mas, um levantamento feito em 1999 divulgado pela Sudema revelou que mais de 1,3 milhão de habitantes eram atingidos pelos efeitos da desertificação.

Ambientalistas da Paraíba estimam que hoje, cerca de 1,5 milhão de pessoas no Estado sofrem direta e indiretamente com o problema. O fato é que os danos ambientais estão por todo o Estado e vêm afetando de uma forma geral a qualidade de vida da população.

Dados fornecidos pelo último levantamento da Sudema, revelam que 108 municípios da mesorregião da Borborema, Sertão e Agreste possuem graus altos ou muito altos de desertificação em relação à área territorial total. Os municípios de Teixeira, Catolé do Rocha, Sousa, Patos, Piancó, Cajazeiras, Campina Grande e alguns municípios que compõem as microrregiões de Seridó, Cariri e Curimataú possuem degradação de terras que são fruto de variações climáticas e da ação do homem na natureza.

A desertificação atinge as regiões semi-áridas ou subúmida seca que ficam localizadas em grande parte da região Nordeste, o norte de Minas Gerais e algumas áreas do Espírito Santo, atingindo um total de 980 mil quilômetros quadrados. A Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que os prejuízos causados pela desertificação chegam a 250 dólares por hectare em áreas irrigadas, 40 dólares em áreas de agricultura de sequeiro (milho, feijão) e 7 dólares por hectare em áreas de pastagem. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), os prejuízos podem chegar a 800 milhões de dólares por ano. Diagnóstico pronto em um ano Segundo Ioman Leite Pedrosa, que é representante do governo do Estado no Programa de Combate à Desertificação do MMA, após a conclusão do diagnóstico de desertificação que está previsto para ser finalizado em um ano, serão liberados recursos para 23 municípios que compõem a bacia do rio Taperoá que será contemplada, em fase experimental, com a implantação de projetos de combate à desertificação.

O geólogo Ioman relacionou alguns fatores que contribuem diretamente para acelerar o processo de degradação do solo, entre eles: queimadas, irrigação sem controle, o excesso de animais no pasto de área restrita que compacta o solo e impede que a água das chuvas promova a recarga hídrica dos lençóis freáticos. “Na natureza nada funciona de forma independente, pois com o solo nu e compactado a água da chuva escorre e não reabastece o lençol freático”, explicou. Ele disse que as áreas que chovem menos e os índices de evaporação são elevados apresentam mais pré-disposição à desertificação.

O ambientalista da Associação de Proteção Ambiental (Apam) de Campina Grande, Roberto Almeida, afirmou que separação do espaço rural do urbano e a falta de visão como um todo da produção de alimentos e do suporte hídrico podem comprometer a sobrevivências das futuras gerações.

Ele disse que as políticas públicas tratam o assunto de forma isolada e esquecem a relação de dependência entre a cidade e o campo, que só irão se manter de forma integrada e com a preservação do meio ambiente. PB tem 13 unidades de conservação A Paraíba possui 13 unidades de conservação ambiental em 10 municípios. Três delas concentradas no Sertão e Alto Sertão. As demais estão localizadas no litoral ou em microrregiões próximas. Segundo dados fornecidos pelo geólogo Ioman, 5% de reserva florestal do Estado é constituída de mata atlântica e 50% de caatinga que já registram elevadas perdas da biodiversidade pela ação do homem.

Mas, por falta de políticas públicas as últimas reservas ambientais da Paraíba estão ameaçadas pelo homem. A falta de atividades econômicas para garantir a sobrevivência da população carente e a ausência de políticas socioambientais no Estado tornam as pessoas que residem próximas às unidades de conservação, uma ameaça constante à preservação dos ecossistemas.

A caça predatória e o desmatamento das florestas para extração de madeira contribuem para desequilibrar os ecossistemas e expandir os núcleos de desertificação. “O agricultor José Gomes da Silva, que reside na divisa com os municípios de Maturéia e Mãe Dágua, próximo ao Parque Estadual Pico do Jabre, confessou que caça e faz queimadas em áreas próximas à reserva florestal. “A gente fica entre a cruz e a espada, se não caça não tem o que comer e se não queima não tem onde plantar no inverno,” justificou.

Segundo estimativas do analista ambiental e médico veterinário Paulo Guilherme Carniel Wagner, do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, em 2006 foram apreendidos cerca de 3 mil animais, 80% aves, a maioria pássaros silvestres e o restante mamíferos e outros animais.

Diagnóstico pronto em um ano
Segundo Ioman Leite Pedrosa, que é representante do governo do Estado no Programa de Combate à Desertificação do MMA, após a conclusão do diagnóstico de desertificação que está previsto para ser finalizado em um ano, serão liberados recursos para 23 municípios que compõem a bacia do rio Taperoá que será contemplada, em fase experimental, com a implantação de projetos de combate à desertificação. O geólogo Ioman relacionou alguns fatores que contribuem diretamente para acelerar o processo de degradação do solo, entre eles: queimadas, irrigação sem controle, o excesso de animais no pasto de área restrita que compacta o solo e impede que a água das chuvas promova a recarga hídrica dos lençóis freáticos. “Na natureza nada funciona de forma independente, pois com o solo nu e compactado a água da chuva escorre e não reabastece o lençol freático”, explicou. Ele disse que as áreas que chovem menos e os índices de evaporação são elevados apresentam mais pré-disposição à desertificação.

O ambientalista da Associação de Proteção Ambiental (Apam) de Campina Grande, Roberto Almeida, afirmou que separação do espaço rural do urbano e a falta de visão como um todo da produção de alimentos e do suporte hídrico podem comprometer a sobrevivências das futuras gerações.

Ele disse que as políticas públicas tratam o assunto de forma isolada e esquecem a relação de dependência entre a cidade e o campo, que só irão se manter de forma integrada e com a preservação do meio ambiente.

PB tem 13 unidades de conservação
A Paraíba possui 13 unidades de conservação ambiental em 10 municípios. Três delas concentradas no Sertão e Alto Sertão. As demais estão localizadas no litoral ou em microrregiões próximas. Segundo dados fornecidos pelo geólogo Ioman, 5% de reserva florestal do Estado é constituída de mata atlântica e 50% de caatinga que já registram elevadas perdas da biodiversidade pela ação do homem.

Mas, por falta de políticas públicas as últimas reservas ambientais da Paraíba estão ameaçadas pelo homem. A falta de atividades econômicas para garantir a sobrevivência da população carente e a ausência de políticas socioambientais no Estado tornam as pessoas que residem próximas às unidades de conservação, uma ameaça constante à preservação dos ecossistemas.

A caça predatória e o desmatamento das florestas para extração de madeira contribuem para desequilibrar os ecossistemas e expandir os núcleos de desertificação. “O agricultor José Gomes da Silva, que reside na divisa com os municípios de Maturéia e Mãe Dágua, próximo ao Parque Estadual Pico do Jabre, confessou que caça e faz queimadas em áreas próximas à reserva florestal. “A gente fica entre a cruz e a espada, se não caça não tem o que comer e se não queima não tem onde plantar no inverno,” justificou.

Segundo estimativas do analista ambiental e médico veterinário Paulo Guilherme Carniel Wagner, do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, em 2006 foram apreendidos cerca de 3 mil animais, 80% aves, a maioria pássaros silvestres e o restante mamíferos e outros animais.
(Jornal da Paraiba, 04/03/2007)
http://jornaldaparaiba.globo.com/

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