Emissões de CO2 dos EUA são consideradas violação dos direitos humanos
emissões de co2
2007-03-05
Uma delegação de inuits (membros da população esquimó que habitam a região ártica) viajou esta semana a Washington para argumentar que as emissões de carbono dos Estados Unidos têm contribuído tanto para o aquecimento global que devem ser consideradas violação dos direitos humanos. O grupo deu entrada a uma petição na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, exigindo que os EUA limitem suas emissões de gases causadores do efeito estufa. A comissão, no entanto, não possui autoridade legal para forçar o país a agir. Mesmo sem grandes chances de levar o assunto adiante, eles esperam pelo menos marcar pontos políticos e morais contra os Estados Unidos e seus emissores de carbono.
O povo inuit diz que a poluição causa o derretimento do gelo e o descongelamento do solo que era permanentemente congelado, afetando o seu estilo de vida. As temperaturas no Ártico aumentam duas vezes mais que a média global. Um dos ativistas chegou a dizer que as temperaturas têm subido tanto que os moradores do Ártico precisam de condicionadores de ar.
Representantes das comunidades inuits que vivem no Círculo Ártico apresentaram para a comissão evidências na tentativa de relacionar as mudanças climáticas induzidas pelo homem com os direitos humanos. A audiência é o ultimo estágio no processo legal, que começou em dezembro de 2005, quando a petição foi encaminhada.
“A questão aqui é que nosso meio de vida está em jogo”, diz Sheila Watt-Cloutier, que lidera delegação. Ela foi designada juntamente com o ex-vice-presidente Al Gore para um Prêmio Nobel da Paz pelo trabalham que realizam sobre as mudanças climáticas.
Em seu discurso para a comissão, Watt-Coultier disse: “O gelo não é apenas nossa estrada, mas também o nosso supermercado”. E acrescentou: “A deterioração das condições do gelo coloca os inuito em risco de varias maneiras.
“Espaços de gelo utilizados para caçar na bordas das banquisas estão mais prováveis a se destacarem rapidamente da terra de gelo, pegando os caçadores desprevenidos”, alerta. “Muitos já morreram ou ficaram gravemente feridos depois de caírem em gelos de gelos que eram tradicionalmente conhecidos como seguros”.
As mudanças climáticas, afirma, estão “destruindo nosso direito de viver, nossa saúde e nossos meios de subsistência”. Para, ela, os estados que não reconhecem esses impactos nem agem para contê-los, violam os direitos humanos.
Watt-Cloutier e outros 62 signatários da petição querem que os Estados Unidos trabalhe com as comunidades do Ártico para ajudá-las a se adaptarem aos impactos das inevitáveis mudanças climáticas. Também desejam que o país atue em conjunto com a Convenção Quando de Mudanças Climáticas das Nações Unidas para “prevenir interferências antropogênicas perigosas no sistema climático”.
A ação foi trazida contra os Estados Unidos seguindo a publicação de um extenso estudo científico sobre a região ártica, que envolveu centenas de cientistas de todo o mundo e levou quatro anos para ser produzido.
Entre as descobertas, o documento diz que o aumento nas concentrações de gases do efeito estufa na atmosfera “contribuiriam para um aquecimento adicional do Ártico de de 4o a 7o C, duas vezes a média global, nos próximos 100 anos.
O relatório ainda projetou que invernos mais curtos e quentes afetariam a cobertura de gelo marinha, resultando em mudanças no comportamento de animais e no acesso dos inuit a fontes de alimento.
A administração Bush tem dito que está agindo para reduzir o aquecimento global, mas críticos americanos e internacionais dizem que isso não é o bastante, dado que os EUA são os maiores emissores mundiais de gases do efeito estufa.
Cientistas geralmente concordam que o Ártico é o primeiro lugar na Terra a ser afetado pela elevação das temperaturas globais. Eles dizem que a menos que as nações desenvolvidas como os EUA - responsável por ¼ dos gases de efeito estufa do mundo - reduzam drasticamente suas emissões nos próximos 15 anos, o gelo do Ártico provavelmente derreterá até o final do século.
(Por Sabrina Domingos, CarbonoBrasil, com agências internacionais, 04/03/2007)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=18082&iTipo=5&idioma=1