EMPRESAS SÃO OS MELHORES AMBIENTALISTAS DA ATUALIDADE
2001-10-29
Indagado sobre a política ambiental do Governo Bush, especialmente a não ratificação do Protocolo de Kyoto (tratado sobre o clima que prevê a redução das emissões de gases do efeito estufa), o professor Keith Smith mostrou um quadro otimista dos Estados Unidos. - Doze estados já têm políticas próprias contra o aquecimento global. Sem falar em algumas empresas, que são os melhores ambientalistas da atualidade, disse. Smith estava se referindo a casos como o de uma indústria de tapetes, que pretende atingir impacto ambiental zero. Para isso, utiliza energia solar, através de instalações fotovoltaicas; trocou a cola convencionalmente utilizada por uma ecológica; além, é claro, de reciclar todo material que não é utilizado. Outro aspecto deste quadro ressaltado foi o enfraquecimento da coalisão anti-Kyoto, formada há sete anos, especialmente, por companhias de petróleo, que não queriam diminuir a produção. - Aliás, as empresas novas, de uma maneira geral, querem Kyoto, comemora o professor de Química. Em qualquer área, para que haja uma real mudança nos Estados Unidos, é necessário um choque, que aconteça algo de extraordinário que abale as estruturas. No caso da não-ratificação do Protocolo de Kyoto, Smith destacou a reação do resto do mundo, especialmente da Europa, como fator desencadeador da mudança. - Não se esperava uma reação tão forte, conta. Com essa transformação, ele espera que Bush mude sua conduta, já que qualquer presidente dos EUA não mantém uma posição por muito tempo, quando pressionado pela opinião pública. - Como as pessoas estão a favor de Kyoto, tenho grandes esperanças de que o Governo assine o Tratado, raciocinou. Se isso de fato ocorrer, talvez as manifestações anti-americanismo, que aumentaram ainda mais por causa da guerra no Afeganistão, não sejam tão freqüentes. Um exemplo desses atos ocorreu uma hora depois da palestra do professor. Há alguns quarteirões de distância do Instituto Cultural, passava a 6ª Marcha dos Sem, com vários cartazes de protesto contra Bush. O destaque foi a manifestação de Roberto Brietzke, que faz comunicação performática e tem curso de bioarquitetura. Apesar do calor escaldante, ele estava de macacão, botas, luvas, capacete de pedreiro e uma máscara contra gás, pronto para uma guerra biológica. - Vim protestar contra a poluição atmosférica e o imperialismo americano, bradava. Os Estados Unidos não querem assinar o Tratado de Kyoto para defender a economia deles. Os caras se acham melhores do que o resto do mundo, reclamou Brietzke. O bioarquiteto, que exemplifica de forma emblemática a revolta mundial contra a política ambiental norte-americana, ainda portava um cartaz que dizia: Não engula este Bush. Terrorismo é a ALCA, OMC e FMI.