POPULAÇÃO TEM QUE COMPREENDER INDICADORES AMBIENTAIS, DIZ ESPECIALISTA AMERICANO
2001-10-29
Quando se fala em indicadores ambientais, logo se pensa em dados que possam servir para ilustrar a situação dos vários fatores que compõem um ecossistema, tais como qualidade do ar, água, solo, produção de resíduos sólidos, uso de agrotóxicos. Muitas vezes, entretanto, as informações são extensas e complexas, dificultando a compreensão da população. A simplificação dos indicadores ambientais foi uma das idéias que o professor de Química e coordenador de Sustentabilidade da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), Keith Smith, mais enfatizou em sua palestra, realizada no Instituto Cultural Norte-Americano, em Porto Alegre, na última sexta-feira (26/10). Para ele, os indicadores devem ser palpáveis para o cidadão comum. - Quando eu desenvolvo indicadores, saio na rua e vou mostrando para o primeiro que aparece na minha frente. Se as pessoas não entendem, eu mudo meu método até que seja compreensível, revela o professor. Um dos exemplos mais interessantes apresentados por Smith foi o de uma cidade dos Estados Unidos, que estava poluindo seu rio. O indicador definido foi a visibilidade do rio em relação à profundidade. Criou-se um rito, em que, todos os anos, o prefeito entrava na água e via até quando era possível ver seus pés. No primeiro ano, o limite foi à altura do joelho. Mas com a repercussão do acontecido, a população passou a se preocupar, o prefeito a investir, e o resultado foi a melhora gradativa nos níveis de poluição. Na última vez em que o teste foi feito, era possível enxergar os pés do prefeito até o momento em que a água batia no pescoço dele. - Esse método pode não ser científico, mas é entendido pela população. O objetivo é comunicar, explicou Smith. O Programa para o Desenvolvimento Ecologicamente Sustentável e Socialmente Justo da Região Hidrográfica do Guaíba (Pró-Guaíba), que promoveu o evento em conjunto com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) e o Consulado dos Estados Unidos em São Paulo, demonstra já ter incorporado o princípio do professor Smith. Ao menos na sua cartilha, onde está ilustrado o impacto ambiental na área que o projeto pretende atender. Além dos dados absolutos, que muitas vezes podem não significar nada para quem não é do ramo, são feitas equiparações para dar forma aos dados:
3.700 toneladas de lixo domiciliar/dia = 1 prédio de 10 andares;
16.500 litros de agrotóxicos/dia = 1 caminhão tanque;
890 m3 de resíduos industriais/dia = 5 salas de aula;
960 mil m3 de esgoto/dia = 400 piscinas olímpicas;