Água salgada usada pela CST polui lençol freático no Espírito Santo
2007-03-02
A água salgada depositada pela Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) a cerca de dois quilômetros do mar possibilita a contaminação do lençol freático. E não há providências dos órgãos ambientais para fiscalizar a captação e uso da água do mar pela empresa. A bacia de decantação da empresa já provocou alagamento em Jardim Camburi.
As informações são de fontes categorizadas. Uma delas, que pede para não ser identificada, informa que "a CST capta 35 mil metros cúbicos por hora de água do mar. Usa a água para refrigerar a unidade geradora de energia e para decantar partículas, na bacia de decantação próxima à fábrica de cimento Mizu".
Afirmou que é praticamente certo que esta água esteja salinizando a água subterrânea da Grande Vitória, e que está próximo de obter a comprovação material desta contaminação. Também é alta a probalidade de contaminação da lagoa de decantação com metais pesados, e sua passagem, por infiltração, para as águas subterrâneas.
O autor da informação, que é químico e faz mestrado na área ambiental fora do Espírito Santo, assegurou que a bacia de decantação da CST foi responsável por alagamento em Jardim Camburi, em 1993/1994.
Já o presidente da Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), Freddy Montenegro Guimarães, apontou que a última auditoria ambiental na CST, exigência da Lei, apontou irregularidades na bacia de decantação da CST.
Tal bacia fica a menos de dois quilômetros do mar. O volume de água depositado e as condições do terreno e vegetação facilitam a infiltração da água salgada na terra e de minerais, inclusive metais pesados, no lençol freático.
Sem contar que a água volta para o mar aquecida. Tal aquecimento favorece a proliferação de algas, que são alimentos para as tartarugas. Na região, a poluição provoca nas tartarugas elevada taxa de um tipo de câncer. Sem contar que o aumento da temperatura afasta os peixes da região, como se queixam os pescadores, lembra o ambientalista.
Ele não pode confirmar se a CST faz captação de água dos aqüíferos subterrâneos. Tal procedimento é adotado pela CVRD, embora esta água seja "reserva social".
Para captação da água subterrânea, a CVRD fez sete os poços artesianos, dos quais cinco em funcionamento. Os poços têm cerca de 160 metros de profundidade. A água captada pela empresa através destes poços é suficiente para atender a 46.500 pessoas por mês (200 litros por dia).
A CVRD tem licença para a captação de 279.000 metros cúbicos por mês de água subterrânea, e o contrato CVRD - Geoplan é para 10 anos.
Faz cálculos: "Podemos dizer que temos uma reserva de 33.480.000.000 de metros cúbicos de água para os dez anos de contrato, no entanto, o aqüífero é recarregável.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário - ES, 02/03/2007)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2007/marco/01/noticiario/meio_ambiente/01_03_08.asp