Índios e especialistas vão debater prospecção de petróleo com ANP
2007-03-01
Em encontro com o senador Tião Viana na última segunda-feira (26/2), o líder indígena Joaquim Tashka Yawanawá e o antropólogo Terri Aquino conversaram sobre as prospecções de petróleo e gás no território acreano e decidiram convidar os movimentos indígenas e ambientalistas do Acre para participar de uma rodada de debates no fim de março, em Rio Branco, entre técnicos da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e especialistas em impactos ambientais provocados por esse tipo de atividade econômica.
Segundo informou ontem o antropólogo Terri Aquino, o encontro com o senador foi "bom, saudável e de alto nível", quando ambos, incluindo Joaquim Tashka, concordaram em abrir o diálogo entre os técnicos da agência petrolífera, especialistas em impactos ambientais e as lideranças indígenas e ambientais do estado para serem exauridas todas as dúvidas sobre os efeitos benéficos e maléficos que futuras explorações de petróleo possam ocasionar em terras indígenas e em outras unidades de conservação do estado.
No encontro, o senador comprometeu-se em convidar dirigentes e técnicos da ANP para irem a Rio Branco, ficando Joaquim Tashka e Terri Aquino encarregados de convocar as lideranças dos movimentos e chamar especialistas com experiência em atividades econômicas em terras indígenas. Por sugestão do antropólogo, será convidado para participar do debate na capital acreana o professor Osvaldo Sevah, da Universidade de Campinas (Unicamp), que editou recentemente uma grande obra sobre os efeitos ambientais e sociais da mineração em terras indígenas brasileiras, publicado com o patrocínio do Instituto Socioambiental (Isa).
"Esse debate vai permitir que os movimentos indígenas e ambientais do Acre obtenham informações sobre as atividades de prospecção de petróleo para depois se posicionarem se serão contra ou a favor dessas atividades. Precisamos de informações sobre as prospecções feitas no Peru, no Alaska e em outras regiões do Brasil e do mundo onde há povos tradicionais para sabermos avaliar os benefícios e possíveis danos ambientais dessas atividades", disse Terri Aquino.
O senador Tião Viana também considerou saudável o debate em torno do tema e elogiou a postura crítica de Joaquim Tashka e de Terri Aquino, que manifestaram natural preocupação em relação ao desenvolvimento dessa atividade comercial em terras indígenas. "Tenho o maior respeito pelo trabalho do antropólogo Terri Aquino no Estado, pois o considero um verdadeiro guardião da floresta", destacou Tião Viana.
(Página 20 - AC, 28/02/2007)
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