O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Edílson Paiva, integrante da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), afirma que a utilização de organismos geneticamente modificados é segura. Segundo ele, a mudança pode melhorar a qualidade dos alimentos e aumentar a produção nacional.

O Senado aprovou na terça-feira (27/2) medida provisória – que ainda depende da sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para virar lei – facilitando a liberação comercial de transgênicos, com redução do quórum necessário para isso na CTNBio.

“Essa tecnologia traz vários benefícios econômicos e ambientais. As pesquisas mostram ganho em relação à diminuição do uso de agrotóxicos e morte por intoxicação”, afirma Edílson Paiva, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo Paiva, o plantio desses vegetais tem um histórico seguro de utilização. “Já existem mais de 100 milhões de hectares de plantas transgênicas cultivadas no mundo. Os Estados Unidos, maiores produtores de soja, têm 90% do seu cultivo transgênico, e o grão já pertence à cadeia alimentar por mais de dez anos”, comenta.

O pesquisador diz que muitas afirmações sobre os transgênicos são incorretas e prejudicam o entendimento da população: “Para quem sabe como é feita essa engenharia genética, o que se tem feito é uma grande campanha de desinformação em que não são utilizados fatos científicos”.

Paiva lembra que a legislação brasileira exige uma análise de todos os casos de organismos geneticamente modificados. “A nossa Lei de Biossegurança é a mais rígida do mundo. Ela Criou a CNTBio para analisar caso a caso e estabelecer toda a legislação de trabalhos com pesquisa, então foi criada toda uma estrutura de biossegurança no país”.

Para o pesquisador, a proibição dos transgênicos no país traz grandes atrasos econômicos. “Se o Brasil estivesse utilizando oficialmente a soja transgênica há mais de dez anos, teríamos passado os americanos e seriamos o maior produtor do mundo”.

Paiva avalia que, apesar das proibições, os benefícios do uso de transgênicos incentivaram agricultores a plantar, ilegalmente, soja geneticamente modificada no país. “Os agricultores compraram sementes argentinas e o Brasil passou a ser o maio produtor de soja transgênica do mundo, sem nenhuma regularização”, conclui.
(Por Clara Mousinho, Agência Brasil, 28/02/2007)
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