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cvrd
2007-03-01
A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) está contaminando as águas subterrâneas da Grande Vitória (ES), particularmente as do aqüífero localizado na Serra. Há suspeita ainda de contaminação produzida pela Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), através de sua bacia de decantação. A contaminação prejudica a biodiversidade da área no sopé do Mestre Álvaro.

A denúncia é de um pesquisador que atualmente desenvolve projeto de pesquisa em água subterrânea em aqüíferos costeiros. Ele pede que não seja citado e informa que investigou o tema a partir de notícia divulgada em Século Diário, como o título "CVRD usa água subterrânea da GV", que é reserva social.

São sete os poços artesianos perfurados pela CVRD, dos quais cinco em funcionamento. Os poços têm cerca de 160 metros de profundidade. A água captada pela empresa através destes poços é suficiente para atender a 46.500 pessoas por mês.

Informa que ao analisar o tema "me deparei com o projeto CVRD, o qual foi implementado pela empresa Geoplan". Ao analisar o processo de licenciamento junto ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) constatou informações contraditórias e conflitantes.

O licenciamento foi feito pelo "Processo 22431845, do Iema". Aponta que "o resultado da análise da água bombeada do Poço P04 apresenta teores de cloretos e condutividade elétrica acima dos demais poços", o que aponta contaminação com água do mar. Ele suspeita que ocorra também contaminação com metais pesados, oriundos da deposição de partículas minerais.

Afirma "na Licença de Operação expedida pelo Iema, a condicionante 1, solicita análise de salinidade da água dos poços instalados, no entanto, não foi encontrado resultado para este parâmetro". Ele aponta desta forma que o Iema não cumpriu o cumprimento a condicionante.

Mas não é só. Diz: "Os poços P04 e P07 estão fora de operação desde o início do funcionamento dos demais e não consta o motivo". E que "o poço P04 está fora de operação, sendo este que apresentou índices elevados de cloretos e condutividade elétrica na análise apresentada para a obtenção das licenças ambientais, inclusive a de instalação".

O químico denuncia que "o protocolo 05489/04 de 30/06/04, em atendimento ao Oficio N.º310/IEMA/DT/GCA/SUD, Relatório de avaliação do sistema de poços tubulares profundos e piezômetros da planta industrial da Companhia Vale do Rio Doce em Vitória - ES. período: setembro de 2003 a maio de 2004, elaborado pela empresa Geoplan, no Anexo 1, Mapa de localização dos poços de produção e piezômetros, consta os piezômetros PZ02 e PZ03. No entanto, o estudo não apresenta os resultados destes, ou seja, o estudo é omisso quanto a estes dados e/ou os mesmo não estão mais em funcionamento."

Explica que piezômetro é um poço usado para controle de qualidade da água dos outros. "No caso da segunda opção (não estão mais em funcionamento) porque não mais?", quer saber o químico.

Afirma que "os piezômetros em questão, de acordo com o mapa de localização, são fundamentais para avaliação de possíveis contaminações por água salina, visto que grandes volumes de água salina são transportadas, armazenadas, manuseadas e descartadas após serem utilizadas na refrigeração de processo industrial". Há, de parte do técnico, a quase certeza de contaminação também da Bacia de decantação do efluente da CST, mas diz aguardar documentação comprobatória neste sentido.

Para ele "outro fato a ser considerado é que parte do complexo lacustre na área de Tubarão está contaminada, conforme resultados das auditorias realizadas pela Companhia Vale do Rio Doce, bem como degradação ambiental. Em trecho alagado mais a leste (próximo ao mar) em relação às outras lagoas".

O químico realiza estudos, em curso de mestrado, fora do Espírito Santo, que "contribuirãoá para a exploração racional e sustentável de aqüíferos no Brasil".

Entre outras informações, ele assinalou que "nos estudos de captação de água dos poços, a CVRD tem licença para a captação de 279.000 m3 por mês de água subterrânea, e o contrato CVRD - Geoplan é para 10 anos ou seja 120 meses".

Faz cálculos: "Podemos dizer que temos uma reserva de 33.480.000.000 m3 de água para os dez anos de contrato, no entanto, o aqüífero é recarregável. Se dividirmos pelo valor de 200 litros por habitante dia, teremos capacidade de abastecer 46.500 pessoas por mês com a água do aqüífero".

Ele assinala que "o estudo demostra que este aqüífero é recarregado toda vez que chove. Os dados estão no processo que tramitam no Iema e outros que não constam do processo por negligência da Geoplan com anuência da CVRD".

A contaminação "demonstra que o aqüífero está sendo recarregado, mas o problema da contaminação é devido à falta de fiscalização por parte dos órgãos ambientais e pelo grande volume de águas salinas transportadas, armazenadas, manuseadas e descartadas após serem utilizadas na refrigeração de processo industrial", inclusive pela Bacia de decantação do efluente da CST".

O químico informou que fez denúncias sobre a contaminação produzida pela CVRD e da suspeita sobre a CST ao Ministério Público Federal (MPF), ao Iema, ao Ministério Público Estadual (MPE), e às Secretarias Municipais de Meio Ambiente (Semma) da Serra e Semmam, de Vitória.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário - ES, 28/02/2007)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2007/fevereiro/28/noticiario/meio_ambiente/28_02_08.asp

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