Estudo sugere uso de proteínas para monitorar mudanças climáticas
2007-02-28
Proteínas encontradas nos seres vivos podem indicar alterações climáticas e antecipar acontecimentos ligados à elevação da temperatura. Essa é uma das conclusões apresentadas em um dos oito projetos preliminares de pesquisa sobre as mudanças climáticas e seus efeitos sobre a biodiversidade brasileira, divulgados ontem (27/2) pelo Ministério do Meio Ambiente.
De acordo com a pesquisa da Fundação Universidade do Rio Grande, a temperatura, quando ultrapassa os limites suportados por um organismo, provoca a produção de proteínas ligadas à sobrevivência dos seres vivos, chamadas de "proteínas de choque térmico".
O coordenador do estudo, Adalto Bianchini, diz que essa reação pode indicar se determinada espécie resiste ou não a uma temperatura acima da média máxima da região costeira sul – onde foi feito o estudo –, que é de 27 graus. “Nós não falaríamos em alterações depois de elas acontecerem. Nós daríamos subsídios para tentar prever o que aconteceria com a elevação da temperatura”, explica Bianchini.
Os pesquisadores analisaram a reação de cinco espécies encontradas na zona costeira do sul do país – uma de marisco, uma de caranguejo, a corvina (peixe), o lagarto-de-dunas e o camundongo. O marisco foi o único que não resistiu ao ser submetido a temperaturas entre 30 e 33 graus, para simular um cenário de aquecimento mais moderado e um mais severo.
Bianchini diz que isso não significa que apenas os demais seres são resistentes às mudanças climáticas. Ao contrário, para ele, isso afeta diretamente o ser humano, já que demonstra que os níveis inferiores da cadeia alimentar são os mais sensíveis.
“Então, não devemos nos preocupar porque os mamíferos não terão grandes problemas?", indaga o coordenador. "Devemos, porque a nossa base da cadeia estaria sofrendo. Na verdade, a preocupação é com os níveis inferiores da cadeia, que depois vão repercutir nos demais.”
Ele destaca que, se as mudanças não forem contidas, algumas espécies poderão não se adaptar. “Não vamos dar tempo para os animais e vegetais responderem na mesma velocidade com que as mudanças climáticas estão ocorrendo”. Essa pesquisa e as outras sete divulgadas hoje são preliminares, ou seja, não têm caráter conclusivo.
(Por Érica Santana, Agência Brasil, 27/02/2007)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/02/27/materia.2007-02-27.6992774328/view