O Correio Braziliense publicou na segunda-feira (26/2) reportagem na qual revela que um membro da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) confessou ter importado ilegalmente bactérias e também sugerido a outros pesquisadores a fazer o mesmo. A CTNBio tem como uma de suas principais funções justamente autorizar a importação de materiais como os que o professor Vasco Ariston de Carvalho Azevedo, da Universidade de Minas Gerais (UFMG), afirmou ter contrabandeado para o Brasil.
Segundo o Correio Braziliense, a confissão de Vasco Ariston foi feita em reunião da CTNBio no dia 22 de março de 2006. Na oportunidade, os membros da Comissão discutiam outra irregularidade: a importação sem autorização pelo Instituto Butantã, de São Paulo, de uma variedade transgênica do vírus H5N1, da gripe aviária, para a preparação de uma vacina. Vasco Ariston defendeu durante a reunião que o instituto não poderia ser punido porque a CTNBio não funcionara em 2005, época em que a importação teria sido feita.
A confissão do professor Vasco Ariston foi gravada e transcrita em documentos oficiais, que são públicos. O jornal Correio Braziliense teve acesso a esses documentos e se baseou neles para produzir sua reportagem.
O professor da UFMG também teria incentivado outros pesquisadores a fazer importações ilegais. "Eu traria no bolso", disse ele, segundo a reportagem do jornal brasiliense, a um professor que fazia uma pesquisa sem autorização para uma tese de doutorado. Ao ouvir uma outra integrante da CTNBio afirmar que se sentia constrangida por saber o que ele tinha feito, Vasco Ariston jogou bactérias ao ventilador: "Fiz e assumo. Agora, muita gente fez no Brasil, então se quiserem me punir, me punam, mas eu tenho que assumir a realidade, como pesquisador.”
O grave é saber que um caso desse ocorra justamente com um membro de um órgão responsável por fiscalizar e autorizar importações, pesquisas e comercialização de produtos geneticamente modificados. Vasco Ariston mostrou desprezo pelas regras e foi negligente com as possíveis implicações e riscos de sua atitude. Que assuma agora a resposabilidade pelo que fez.
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Greenpeace Brasil, 27/02/2007)