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2007-02-28
Os países em desenvolvimento, inclusive gigantes emergentes, como China e Índia, não estão preparados para assumir a culpa pelas mudanças climáticas, disse na terça-feira (27/02) o presidente do G77, que reúne esses países. Alguns governos na Europa e na América do Norte querem que os países em desenvolvimento aceitem limites às suas emissões de gases do efeito estufa a partir de 2012, quando expira o Protocolo de Kyoto, mas o G77 deve se opor a isso.

"A maior parte da degradação ambiental ocorrida foi historicamente causada pelo mundo industrial", disse Munir Akram, que também é embaixador do Paquistão na Organização das Nações Unidas. "China, Índia e outros estão agora decolando, e é bastante natural que suas emissões de carbono estejam crescendo", afirmou ele em entrevista coletiva após dois dias de reuniões de diplomatas do G77 em Roma.

"Há uma espécie de esforço de propaganda para tentar jogar a culpa pela degradação ambiental sobre essas economias de rápido crescimento, e os motivos não são muito bem disfarçados." Uma das principais razões alegadas pelo presidente George W. Bush para retirar os Estados Unidos do Protocolo de Kyoto foi o fato de o tratado da ONU, de 1997, só impor metas de redução nas emissões de gases do efeito estufa aos países desenvolvidos.

A União Européia permaneceu no pacto, mas quer a inclusão dos países em desenvolvimento nas metas de redução para uma segunda fase, que será discutida em dezembro numa reunião da ONU em Bali (Indonésia). "Os países em desenvolvimento contribuem o mínimo com a degradação ambiental, mas são afetados ao máximo", disse nota divulgada pelo G77 após a reunião em Roma, que tratou de inúmeros temas, como ajuda internacional e reforma da ONU.

A China, que atualmente cresce dez por cento ao ano, com consequente aumento na demanda por energia, constrói supostamente uma nova usina termoelétrica a carvão a cada cinco dias, o que é uma enorme fonte de dióxido de carbono, o principal dos gases do efeito estufa. Mas Akram disse que qualquer esforço para limitar as emissões do país nos próximos anos seria vista com suspeita, especialmente porque a maioria dos países desenvolvidos não avançou muito na redução das próprias emissões.

"A não ser que o Norte [do mundo] chegue a termos com sua responsabilidade, será difícil atingir um consenso internacional pelo qual todos nós possamos contribuir para parar a degradação do meio ambiente; e certamente parar o desenvolvimento dos países em desenvolvimento não é a resposta."
(Por Robin Pomeroy, Reuters, 27/02/2007)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2007/02/27/ult729u65207.jhtm

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