Aldeia xavante faz troca de alimentos por meio de programa de produção agroecológica
2007-02-27
O projeto da Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais), apresentado ontem (26/2), atende a aldeia indígena de São Pedro, no município de Campinápolis, em Mato Grosso. Levado à comunidade há pouco mais de um ano, o projeto foi bem recebido e tem ajudado no combate à fome e, por conseguinte, evitado a mortalidade infantil – um dos maiores problemas na região.
Segundo o cacique Izaías Powé, o País tem assegurado alimentos de qualidade à aldeia, inclusive trazendo produtos poucos conhecidos pelos indígenas. Agora, prossegue Powé, a comunidade não tem apenas a mandioca para o seu sustento, mas também hortaliças e legumes que tem enriquecido o cardápio diário da aldeia xavante.
O modelo tem evitado doenças, mortes e problemas como a inanição, afirma o cacique. “Melhorou a nossa saúde. Diminuiu a morte de crianças, jovens e adultos”, ressalta para completar em seguida: “O importante é que nossos corpos se fortalecem com esses legumes e verduras. E não precisamos consumir produtos da cidade”.
O País tem beneficiado 480 pessoas em sua comunidade. O projeto nasceu da parceria entre o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Fundação Banco do Brasil e Ministério da Integração Nacional.
Um dos maiores entusiastas do projeto é o ator Marcos Palmeira, um militante de lutas em defesa da produção orgânica no país. Ele ajudou a levar o modelo para a aldeia Xavante, que já conhecia desde 1979 e onde morou por três meses.
"O projeto, além de dar sustentabilidade aos índios, resgata uma cultura antiga na produção de alimentos. No ano passado, não tivemos morte de crianças na aldeia. Isso mostrou que a base de alimentação deles melhorou com a entrada de outros nutrientes, não apenas o amido. Cenoura e beterraba, por exemplo, eles não conheciam”, conta Palmeira.
Para o ator, o Pais é atualmente o projeto rural “mais concreto” para amenizar a desigualdade social no campo, dando condições para que o produtor rural produza sua própria cesta básica, vendendo o excedente e gerando renda.
(Por José Carlos Mattedi, Agência Brasil, 26/02/2007)
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