Ambiente natural reduz vantagem do salmão transgênico
2007-02-27
Peixes de uma espécie de salmão transgênico, desenvolvidos para crescer até três vezes mais que o salmão natural e pesar 25 vezes mais, não desenvolvem todo seu potencial quando criados num ambiente que simula as condições encontradas pelos salmões normais, na natureza. Nessa situação, crescem apenas 20% mais que o peixe natural, e adquirem apenas o dobro do tamanho do salmão normal.
O experimento, realizado por cientistas do Centro de Aqüicultura e Pesquisas Ambientais do Canadá e descrito em artigo que será publicado na edição online do periódico Proceedings of the National Academy os Sciences (PNAS) indica que um ambiente natural pode atuar como um mecanismo atenuante, que abafa o efeito da modificação genética. Os pesquisadores dizem, em seu artigo, que esse efeito tem o potencial de reduzir o impacto de uma eventual liberação da espécie transgênica no ambiente.
Os cientistas realizaram duas avaliações. Numa, salmões transgênicos e naturais, criado em tanques e alimentados com ração comercial até a saciedade, e salmões transgênicos criados em tanques, mas com uma dieta restrita, foram misturados em um ambiente que simulava um rio natural. Na segunda, salmões transgênicos e naturais foram criados, já desde pequenos, juntos e no "falso rio".
Quando os três tipos de salmão criados em tanques separados foram misturados no mesmo ambiente, o salmão transgênico alimentado até a saciedade foi a única variedade a perder peso na competição com os demais. Os salmões transgênicos criados em dieta restrita, por sua vez, cresceram mais que os salmões naturais. Já quando o peixe transgênico e o natural foram criados juntos no ambiente simulado, o animal geneticamente modificado cresceu muito menos que seu potencial, ficando apenas 20% maior que o peixe normal.
Os pesquisadores concluem que tentativas, realizadas em laboratório, de avaliar o impacto ecológico de animais criados por modificação genética podem levar a avaliações erradas - excessivamente otimistas ou pessimistas - do perigo representado pela nova variedade para o ecossistema.
(Por Carlos Orsi, Estadão, 26/02/2007)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2007/fev/26/309.htm?RSS