Especialista pede moratória na criação de usinas a carvão nos EUA
2007-02-27
Um dos principais especialistas internacionais em aquecimento global pede que os Estados Unidos parem de construir usinas de eletricidade movidas a carvão e, no futuro, destrua as geradoras que não têm capacidade de capturar e estocar os gases do efeito estufa. Mas os EUA prevêem construir 159 novas usinas a carvão na próxima década, gerando energia suficiente para cerca de 96 milhões de lares, de acordo com estudo divulgado, em janeiro, pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos.
A queima do carvão é uma das maiores fontes de dióxido de carbono, o principal gás causador do efeito estufa. Em discurso que fará no National Press Club, o cientista James Hansen, da Nasa, um dos pioneiros a dar o alerta para os perigos da mudança climática, pedirá uma moratória no uso do carvão.
O apelo de Hansen se encaixa com um anúncio feito pelo grupo de investimentos privado que adquiriu a TXU, uma grande geradora de eletricidade do Texas. O fundo concordou em interromper os planos para a construção de oito novas usinas a carvão, não propor a construção de novas instalações do tipo fora do Texas e apoiar a criação de limites obrigatórios para a emissão de gases do efeito estufa.
Hansen disse ainda que todas as usinas a carvão que não têm meios de capturar e sepultar suas emissões de carbono deveriam ser demolidas até meados deste século.
Diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa, mas manifestando-se como cidadão privado, Hansen declarou que o Congresso deveria definir os cortes no uso do carvão, mas se os legisladores não agirem, "os cidadãos devem fazê-lo". Ele afirma que ganhos de eficiência na geração de energia podem compensar os cortes no uso do carvão. O carvão gera cerca de metade da eletricidade consumida nos EUA, segundo o Departamento de Energia.
Segundo o porta-voz da Associação Nacional de mineradoras dos EUA, Luke Popovich, as declarações de Hansen deveriam ser descartadas por todas as pessoas que compreendem a demanda por energia da economia americana. "Vista sob a luz dessas demandas, declarações como essas parecerão, para ser caridoso, pouco razoáveis".
(Associated Press, 26/02/2007)
http://www.estadao.com.br/especial/global/noticias/2007/fev/26/200.htm