Índia faz cair valores dos créditos de carbono
2007-02-27
O volume em empreedimentos em construções na Índia e que podem se habilitar aos créditos de carbono causam queda no preço dos créditos de carbono no mercado internacional. O diretor da PTZ bioenergy (empresa que atua em negócios com fontes renováveis de energia), Ricardo Pretz, explica que não existe uma tabela de preço para os créditos de carbono, tudo depende de cada negociação, mas há um cenário, uma tendência.
Essa tendência foi de baixa a partir de 2006 devido, principalmente, à Índia, atualmente considerado o principal país quanto a oportunidades de créditos, seguido do Brasil. Pretz acredita que os preços baixos devem ser mantidos ao longo deste ano. Hoje, a tonelada de dióxido de carbono (CO2) é estimada em cerca de 0,95 euros.
O mercado do crédito de carbono foi estruturado através do protocolo de Kyoto que disseminou o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e o Certificado de Emissão Reduzida (CERs). O objetivo do MDL é a busca de alternativas de tecnologias limpas (não-poluidoras) para, por exemplo, a geração de energia, reduzindo as emossões de CO2 na atmosfera. Há também os projetos voltados para a área florestal, que devem ajudar a diminuir o CO2 presente na atomosfera pela absorção feita pela vegetação através da fotossíntese. É o que se chama de "seqüestro de carbono".
O protocolo dividiu os países em dois grupos: os que precisam reduzir suas emissões de poluentes e aquelas que não estão obrigados a tais reduções. O Brasil, assim como outros apíses em desenvolvimento que não precisam diminuir suas emissões de dióxido de carbono, pode vender essa redução através dos créditos de carbono conseguidos com a CERs.
Os países do Anexo 1 (basicamente, os componentes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) que assinaram o protocolo têm como objetivo reduzir de, de 2008 a 2012, emissõe de CO2 - o mais nocivo de todos os gases de efeito estufa - e outras susbtâncias nocivas a um índice 5,2% menor do que o índice global registrado em 1990.
Esse instrumento dá condições à efetivação de diversos projetos ambientalmente corretos no Brasil. No entanto, o sócio-diretor da Evolve Gestão (especializada na prestação de serviços de gestão empresarial), Roberto Paschoali, destaca que as operações dentro do mercado de créditos de carbono ainda são poucas no Brasil.
Segundo Paschoali, as operações nesse segmento ainda não estão totalmente claras ao investidor. No entanto, se hoje os créditos aparecem desvalorizados, o futuro debe ser promissor para empreendimentos que contribuam para amenizar o impacto da emissão de gases na camada de ozônio. Paschoali lembra que os países não estão conseguindo atingir suas metas de redução de gases que causam o efeito estufa. Ainda há a perspectiva de que as metas sejam elevadas em breve. Devido a esse cenário, a expectativa é de que os créditos de carbono fiquem cada vez mais valorizados.
Também existe a possibilidade de a China e a índia entrarem a partir de 2008 na lista dos países do Anexo 1, sendo obrigadas a diminuir suas emissões. Isso favoreceria o Brasil, pois esses países passariam a ser compradores de créditos. Outro fato que entusiasma os investidores são as declarações do governo norte-americano manifestando preocupação quanto às emissões dos gases que provocam o efeito estufa. "Os Estados Unidos estão escolhendo um caminho próprio, um modelo mais ocidental onde as negociações são mais flexíveis", argumenta Paschoali.
Apesar de não serem signatários do protocolo de Kyoto, os EUA criaram a Bolsa do Clima de Chicago, uma bolsa de venda de créditos de carbono. Paschoali explica que, enquanto no protocolo e Kyoto os governos são os agentes principais, na Bolsa de Chicago as empresas privadas têm uma participação mais atuante. O executivo classifca os investimentos em aterros sanitários como vocacionados a receber créditos de carbono no Brasil. Ele lembra que a maioria dos municípios brasileiros não trata adequadamente o recolhimento de lixo.
Outros pontos que podem ser explorados são a produção de enegia elétrica, através do bagaço da cana-de-açúcar que é usada na produção do açúcar, e o reflorestamento. "Os produtres de biodiesel também não perceberam ainda o potencial dos créditos de carbono", diz Paschoali.
(Empresas e Negócios - Jornal do Comércio, 26/02/2007)
http://jcrs.uol.com.br/