Temos até 2020 para agir e prevenir uma catástrofe climática, adverte as Nações Unidas
2007-02-26
O mundo tem menos de 15 anos para tomar ações urgentes contra o aquecimento global por meio do uso de novas tecnologias para se prevenir uma catástrofe climática, advertem as Nações Unidas na terceira parte do relatório do clima ainda não publicada. Se as emissões de carbono não forem substancialmente reduzidas até 2020, alerta o relatório, o aquecimento global colocará em movimento processos naturais irreversíveis como o derretimento de gelo da Groenlândia e o aumento da acidez dos oceanos.
De acordo com o relatório, que será apresentado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em 03 de maio, em Bangcoc, a concentração de carbono na atmosfera deveria ser estabilizada em um nível de 420 partes por milhão (ppm) para prevenir um pulo nas temperaturas. A concentração atual é de 383 ppm e a expectativa é de que aumente em 2,5 ppm a cada ano.
O mundo aqueceu cerca de 0,74º C nos últimos 100 anos, mas o IPCC estima que as temperaturas podem aumentar 3º C até o final deste século. As temperaturas podem aumentar num ritmo ainda mais acelerado caso aconteçam efeitos de feedback, tais como o degelo de áreas permanentemente congeladas da Sibéria, levando a liberação de grandes quantidades de metano – um gás do efeito estufa mais potente que o dióxido de carbono.
O documento diz que a meta de concentração de carbono ainda pode ser atingida, mas apenas “em circunstancias mais restritas”, que teriam de envolver “a introdução rápida de tecnologias novas e eficientes”.Os cientistas que compilaram o relatório propõem uma série de medidas, incluindo o incremento no uso de biocombustíveis e de carros híbridos, assim como a construção de usinas nucleares. Também propõem uma mudança na agricultura para que as plantações de arroz não sejam mais desenvolvidas dentro da água – método que produz quantidades consideráveis de metano.
A primeira parte do relatório climático, que fixou as bases físicas das mudanças climáticas, provocou uma discussão mundial sobre o aquecimento global quando foi publicado no início deste ano. Os pesquisadores alertaram para um futuro caracterizado por eventos climáticos extremos – secas longas e intensas, furacões ferozes, ondas de calor e elevação do nível do mar – como resultado das temperaturas mais altas. A segunda parte, que deve ser publicada em abril, será focada mais especificamente nos efeitos das mudanças climáticas nos humanos e na natureza.
(Traduzido do ECX/Financial Times, Envolverde/Carbono Brasil, 25/02/2007)
http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=28253