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2007-02-26
Depois de mais de 204 milhões de hectares mapeados a partir de 114 imagens de satélite, a principal conclusão do projeto coordenado por Edson Eyji Sano, pesquisador da Embrapa Cerrados, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária em Planaltina (DF), é que o Cerrado brasileiro perdeu 38,8% da vegetação nativa.

Além de técnicos da Embrapa, o estudo “Mapeamento de remanescentes de cobertura vegetal natural do Cerrado”, financiado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e pelo Banco Mundial, envolveu equipes de pesquisadores das universidades federais de Uberlândia (UFU) e de Goiás (UFG).

O primeiro passo do trabalho foi definir o conceito de remanescentes de Cerrado. “Consideramos toda área cuja vegetação original está preservada. O diferencial do trabalho, em relação a levantamentos anteriores, é que também incluímos as pastagens nativas”, disse Sano.

“Embora sejam utilizadas para produção animal, essas áreas ainda têm vegetação original preservada e não podem ser contabilizadas como uso antrópico, cujas características foram alteradas pela atividade humana”, afirmou Sano. Segundo ele, hoje existem cerca de 28 milhões de hectares de pastagens nativas no Cerrado brasileiro, o que representa 13% do total de áreas remanescentes do bioma.

O pesquisador chama a atenção para o nível de detalhamento da nova análise. A resolução espacial das imagens de satélite foi de 30 metros, ou seja, qualquer área ou objeto no solo que tenha uma dimensão mínima de 30 por 30 metros pôde ser identificada. “Uma resolução espacial de um quilômetro foi o máximo que se conseguiu chegar em estudos anteriores”, disse.

As imagens foram analisadas primeiramente de maneira visual para, em seguida, serem inseridas em um software que fez o processamento dos dados. O programa dividiu as diferentes classes de cobertura vegetal do terreno em polígonos, que representaram áreas como pastagens, culturas agrícolas, cursos d’água e vegetação nativa.

Cobertura quase completa
Áreas isoladas do Cerrado, localizadas na Amazônia, principalmente no Amapá e em Roraima, não foram mapeadas pelo estudo. As áreas preservadas divulgadas são referentes a 98% do total do bioma existente no país.

A porcentagem de vegetação nativa por estados também foi divulgada, sendo São Paulo o que apresenta a pior situação e o Piauí a melhor. “Originalmente, cerca de 33% do Estado de São Paulo era coberto pelo Cerrado. Hoje, apenas 15% da vegetação nativa permanece, ou seja, 85% já teve algum tipo de uso antrópico”, aponta Sano.

Em contrapartida, dos 37% de cobertura vegetal no Piauí correspondentes ao Cerrado, 92% continuam a existir. “Esse alto índice de áreas preservadas pode ser explicado principalmente pela dificuldade de acesso ao bioma naquele Estado”, aponta Sano.

O trabalho analisou também, dentro das áreas antrópicas que fazem parte dos 38,8% desmatados, qual a dimensão das regiões de pastagens cultivadas, culturas agrícolas e reflorestamento. O pesquisador afirma que a construção civil, malhas rodoviárias e a produção de alimentos, sobretudo milho, soja e algodão, são as principais causas dessa perda de cobertura vegetal.

O projeto de pesquisa, que será concluído em março, avaliará ainda quais formações vegetais, entre campestre, arbustiva e arbórea, estão presentes nos 61,2% de áreas remanescentes do bioma. Todos os resultados serão publicados no site do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Riqueza nacional
De acordo com o MMA, o Cerrado é reconhecido como a savana mais rica do mundo em biodiversidade, com a presença de diversos ecossistemas, mais de 10 mil espécies de plantas, 837 espécies de aves, 161 espécies de mamíferos, 150 espécies de anfíbios e 120 espécies de répteis.

O bioma típico é constituído por árvores relativamente baixas, esparsas, disseminadas em meio a arbustos, subarbustos e uma vegetação baixa constituída, em geral, por gramíneas. O Cerrado está presente em 13 Estados e no Distrito Federal. É a segunda maior biodiversidade da América do Sul, atrás apenas da Amazônia.

Até a década de 1950, houve pouca influência da presença humana no bioma, mas a partir da década seguinte o cenário mudou. “A perda da cobertura vegetal no Cerrado teve início com a construção de Brasília, cujas obras civis permitiram o acesso a áreas remotas do bioma. Nas décadas de 1960 e 1970, os incentivos federais responsáveis pela construção da malha rodoviária ao redor da cidade tiveram papel decisivo para a ocupação da região”, explicou Sano.

Segundo o pesquisador da Embrapa, outro fator que contribuiu para a perda de vegetação nativa foi que, a partir dessas duas décadas, a produção de alimentos no Cerrado em todo o país também começou a se expandir, principalmente após o desenvolvimento de tecnologias que permitiram a adaptação de culturas agrícolas como o milho e a soja às condições climáticas do bioma.
(Por Thiago Romero, Agência Fapesp, 26/02/2007)

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