A Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP) começou a implantar no último mês de novembro um “telhado verde” sobre a cúpula do prédio do Centro de Educação Permanente em Saúde Pública. A cobertura vegetal servirá para reduzir o calor e o ruído provocados em dias de chuva dentro do edifício, além de ajudar a melhorar a qualidade do ar na região de Pinheiros, uma das mais poluídas da cidade de São Paulo.
Sobre a cúpula do prédio foram colocadas nove estruturas metálicas, com telas por onde irão se enredar as plantas, colocadas em vasos. “A cúpula, feita de acrílico, deixa o edifício mais iluminado, mas aumenta o calor e provoca muito barulho nos dias de chuva, provocando um grande desconforto térmico e acústico”, conta a professora Maria da Penha Vasconcellos, da FSP, que acompanha o projeto. “Até a primavera, os 18 pés de maracujá e primavera deverão ter coberto todas as telas”.
As estruturas metálicas foram construídas nas oficinas da FSP. “Devido à forma e ao material da cúpula, não foi possível colocar uma camada de terra para realizar o plantio das mudas”, relata a professora. “As telas estão situadas alguns centímetros acima da cúpula para que a cobertura vegetal não prejudique a iluminação do edifício”.
Bem-estar
A escolha do maracujá para o “telhado verde”, além da espécie apresentar crescimento rápido, teve a intenção de proporcionar o aproveitamento dos frutos pelos funcionários que trabalham no local, revela Maria da Penha. “Na realidade, o projeto é uma intervenção em psicologia ambiental”, aponta. “Este trabalho de paisagismo serve para melhorar o bem-estar das pessoas ao lidar com questões que afetam sua saúde física e mental”.
A professora relata que, desde 2001, a FSP realizou intervenções nos jardins fronteiros aos prédios da faculdade. “Foi construída uma pista de 320 metros para caminhadas e colocados bancos, mesinhas e equipamentos para exercícios”, diz. “Os jardins foram revitalizados com o plantio de novas árvores, flores e a introdução de tartarugas em um pequeno lago”.
As mudanças tornaram os jardins mais freqüentados não apenas pelos alunos, professores e funcionários da FSP e da Faculdade de Medicina (FM), mas também pelos moradores da região de Pinheiros. “Além dos altos níveis de poluição, o bairro tem uma grande carência de áreas verdes”, afirma Maria da Penha.
“Além das pessoas que aproveitam o local para descansar, grupos da terceira idade aproveitam o jardim para realizar atividades de condicionamento físico”. A expectativa da professora é que o telhado verde da FSP estimule os proprietários de edifícios da região a realizarem coberturas semelhantes. “Desse modo, seria possível amenizar os efeitos da poluição, entre eles as chamadas ilhas de calor”.
(Por Júlio Bernardes,
Agência USP, 23/02/2007)