Lei que proibe outdoors já deixa São Paulo menos poluída nos dois meses de vigência
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2007-02-26
Para o bem ou para o mal, os efeitos da Lei Cidade Limpa, perto de completar dois meses de vigência, já começam a ser sentidos pelos paulistanos. A cidade, aos poucos, fica com outra cara. E os empresários de mídia externa, principais prejudicados pela lei, cada vez mais vêem seu negócio ruir.
Levantamento da Prefeitura aponta que o maior número de remoções de outdoors ocorreu nas Subprefeituras de Pinheiros, Lapa e Penha. Juntas, são responsáveis por 32% de um total de 554 peças publicitárias retiradas por equipes da Prefeitura até sexta-feira, 25.
Outros 557 outdoors foram removidos por três grandes empresas do ramo: Brasil Mídia Exterior, MCM3/MPP e LCM Mídia. Portanto, pelo menos 1.111 peças deixaram de ser parte da paisagem da cidade - quase 14% do total estimado de 8 mil outdoors na Capital. Nesse ritmo, diz o prefeito Gilberto Kassab (PFL), “a poluição visual será banida em seis ou sete meses”.
Aos poucos, a mudança é percebida nas ruas. “O visual da região mudou muito. Os outdoors escondiam tudo”, disse o entregador Jadson Lima, 34 anos, que trabalha na Barra Funda, Zona Oeste. Morador em Artur Alvim, zona leste, o autônomo Osvaldo Carvalho notou diferença do número de anúncios na Avenida Radial Leste. Mas sempre há quem reclame: “São Paulo ficou feia à noite. Antes era alegre, bem iluminada”, reclamou o taxista Gabriel Tomazini, que tem ponto no cruzamento da Rua Leopoldo Couto Magalhães Jr. com a Avenida Juscelino Kubitschek, no Itaim Bibi, Zona Sul.
O secretário de Coordenação das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, disse que os números de remoções por subprefeitura refletem a distribuição dos outdoors. “A concentração está mesmo no Centro. Mas há a distorção em algumas áreas por causa das liminares a favor dos empresários.” São 17 as empresas que, pela Justiça, têm direito a manter seus outdoors. Matarazzo afirmou que há alternativas para o setor de mídia externa. “A adaptação dos anúncios indicativos de lojas é um mercado que vai surgir. E as empresas podem redirecionar seus negócios para outras cidades.”
Essas opções são descartadas pelo presidente em exercício do Sindicato das Empresas de Publicidade Exterior do Estado (Sepex), Luiz Roberto Valente Filho. “Nossa atuação é específica. Como vamos aproveitar uma estrutura metálica de outdoor?” Segundo ele, nenhuma outra cidade é capaz de substituir o mercado publicitário de São Paulo.
O receio de uma migração fez algumas cidades começarem a reformular sua legislação de paisagem urbana. As prefeituras de Barueri, na Grande São Paulo, Santos e Jaú vão apresentar projeto de lei à Câmara com regras mais rígidas sobre a instalação de outdoors.
(Por Humberto Maia Junior e Juliano Machado, Estado de São Paulo, 25/02/2007)
http://www.estadao.com.br/ultimas/cidades/noticias/2007/fev/25/44.htm