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2007-02-26
A produção de biodiesel a partir de algas marinhas é a aposta da Argentina para acelerar na corrida por fontes de energia limpas e mais baratas.

"O uso das algas como matéria-prima para produzir biocombustível vem sendo pesquisado no Japão, no MIT (Massachusetts Institute of Technology) e em nosso país, mas nós seremos os primeiros a produzi-lo com fins comerciais", disse à agência Efe o presidente da empresa Oil Fox, Jorge Kaloustian.

A firma argentina, que produz biocombustíveis desde 1997, assinou nesta quarta-feira (21/2) uma carta de intenções com o Governo da província de Chubut, no sul do país, para semear quatro variedades de algas do mar argentino e produzir óleo a partir delas.

Piscinas gigantes serão construídas para a reprodução das algas.

Uma unidade de produção de óleo será erguida em seis meses, com um investimento de entre 20 e 25 milhões de dólares.

Comodoro Rivadavia, em Chubut, fica 1.800 quilômetros ao sul de Buenos Aires. O porto da cidade oferecerá a logística necessária para armazenar o óleo que depois será transportado de navio até o porto de San Nicolás, no Rio Paraná.

Nessa cidade, localizada 250 quilômetros ao norte da capital argentina, a Oil Fox construirá em nove meses uma unidade que transformará o óleo de algas em biodiesel, com uma produção anual estimada de 240.000 toneladas.

"As algas surgiram como opção devido a uma necessidade", conta Kaloustian.

O empresário havia captado US$ 19 milhões de investidores alemães para construir a unidade de San Nicolás, mas com a condição de que a Oil Fox conseguisse um contrato de fornecimento por cinco anos com uma empresa destiladora de óleo de soja.

Mas nenhuma empresa de produção de óleo de soja quis assinar um compromisso com a Oil Fox devido à crescente demanda do produto por parte de clientes asiáticos, que puxa os preços para cima.

"Tínhamos que encontrar outra alternativa. Tentamos com o tartago para fazer óleo de rícino (...). Comprar uma empresa de produção de óleo não era viável. Começamos a pesquisar e descobrimos o trabalho que está sendo desenvolvido no MIT. Depois encontramos uma pesquisa similar em Chubut e fomos para lá", relatou o empresário argentino.

A surpresa foi maiúscula: de um hectare de soja podem ser extraídos 400 litros de óleo, mas com uma superfície semeada com algas equivalente a um hectare podem ser produzidos 100.000 litros.

"Para alimentar a unidade de San Nicolás, precisaríamos da produção de soja de 600.000 hectares. Com 300 hectares de algas na Patagônia pode ser obtida a mesma quantidade de óleo", disse Kaloustian.

De acordo com o empresário, "produzir óleo a partir de algas é muito mais simples do que fazê-lo a partir da soja, e tem a metade do custo".

Em Chubut, a Oil Fox formará uma joint-venture com o Governo da província para produzir as algas e o óleo. Em San Nicolás, fabricará o biocombustível que será exportado quase totalmente à União Européia (UE).

A Argentina conta desde 2006 com uma lei de promoção aos biocombustíveis que abre as portas para novos investimentos no setor.

Existem no país cerca de quinze unidades de elaboração de biocombustíveis em funcionamento. Porém, a maior parte da produção não é comercial, mas destinada ao abastecimento dos próprios produtores agropecuários, que utilizam o combustível em suas máquinas.

De acordo com Kaloustian, o fato de a Argentina ser um dos maiores produtores mundiais de óleo de soja pode fazer com que o país se torne "o Kuwait do mundo em matéria de biodiesel".

O setor está em plena transformação, com a entrada de grandes empresas, como a Petrobras e o grupo hispânico-argentino Repsol YPF, e a chegada de investimentos milionários.

Um dos motivos dos novos investimentos é que a nova lei determina que, a partir de 2010, os combustíveis tradicionais tenham a adição de pelo menos 5% de componentes renováveis.
(EFE/UOL, 23/02/2007)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/2007/02/23/ult1767u87193.jhtm

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