Alta dos grãos ameaça produção de biocombustíveis, diz jornal econômico britânico Financial Times
2007-02-24
Segundo o jornal, o aumento no preços de produtos como milho, trigo e soja, aliado à queda no preço do petróleo, pode tornar a produção economicamente inviável
O alto preço dos grãos no mercado internacional ameaça a nascente indústria mundial de biocombustíveis, segundo afirma reportagem publicada nesta sexta-feira, 23/02, pelo jornal econômico britânico Financial Times.
Segundo o jornal, a forte alta recente de produtos como milho, trigo e soja, usados na produção de biocombustíveis, aliada à queda gradual no preço do petróleo, ameaça a viabilidade econômica da produção.
A reportagem observa que o Brasil, por produzir etanol a partir da cana-de-açúcar, não deve ser tão afetado pelo problema.
O jornal relata que o temor de uma crise na produção de biocombustíveis “levou os Estados Unidos a iniciarem negociações com o Brasil sobre formas de criar um mercado global para os biocombustíveis ao criar padrões comuns”.
Mas a reportagem observa que, apesar disso, os Estados Unidos se recusam até agora a rever a tarifa de importação de 54% imposta ao etanol que entra no mercado americano, tornando mais difícil a exportação do produto brasileiro ao país.
Segundo o jornal, “apesar de os biocombustíveis terem sido apresentados como uma forma de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, porque as plantas das quais eles são feitos absorvem dióxido de carbono da atmosfera conforme crescem, muitos grupos ambientalistas já começam a questionar as políticas para aumentar o uso de biocombustíveis”.
“Isso porque alguns dos países que planejam produzir mais biocombustíveis estão destruindo florestas para abrir espaço a plantações de palmeiras de dendê, cana ou outros cultivos destinados aos biocombustíveis”, diz o texto.
Além disso, segundo a reportagem, “outros especialistas questionam a economia de energia pelo uso de biocombustíveis”, porque a própria transformação de plantas em combustíveis usaria muita energia, além de consumir uma alta quantidade de fertilizantes.
(BBCBrasil.com/Estadão, 23/02/2007)
http://www.estadao.com.br/ultimas/economia/noticias/2007/fev/23/129.htm