Consumidor consciente pode ajudar a reduzir alagamentos e enchentes
2007-02-23
Os alagamentos que ocorrem especialmente nos meses de verão, quando aumenta o volume de chuvas, têm relação bem próxima com as atividades humanas nas cidades. De
acordo com os especialistas, as principais causas para a elevação do nível de água nas cidades durante as chuvas são o volume de lixo depositado em locais
inapropriados e a
ocupação urbana de áreas cada vez maiores. Além de provocar prejuízos
materiais às
famílias que sofrem por residirem nas áreas alagadas, muitas pessoas chegam
a morrer
ou a adoecer como conseqüência dos alagamentos . A situação é ainda pior nas
regiões
onde a prefeitura não destina o lixo de forma adequada, visto que, nestes
casos, o
lixo termina por se misturar à água das inundações, aumentando a
probabilidade de
doenças.
Boa parte dos gastos para solucionar esses problemas e para tratar das
vítimas das
águas são públicos, custeados pelos impostos que são pagos por todos nós.
Conforme Renato Lima, coordenador do Centro de Apoio Científico em Desastres
(Cenacid)
da Universidade Federal do Paraná e consultor da ONU para Desastres, as
tubulações de
esgoto, em geral, possuem um diâmetro suficiente para atender às
necessidades de vazão
de uma determinada região. Mas, explica que "o lixo jogado na rua, quando
vai parar na
tubulação, diminui a área útil do cano". Assim, o encanamento não consegue
escoar um
volume suficiente de água, que acaba retornando e provocando as inundações.
Segundo
ele, o principal problema são os produtos feitos de plástico, como sacolas e
garrafas
PET, que não se decompõem e formam uma barreira impermeável para a água.
O cidadão pode contribuir para a redução da incidência de alagamentos e
enchentes,
conseqüentemente, para a redução dos danos causados pelas chuvas, não só
estimulando
políticas públicas que busquem uma solução, mas também atentando para a
forma como
descarta os produtos que consome. A recomendação dos especialistas é de que
não se
jogue o lixo nas ruas, em terrenos baldios ou em bueiros, por menor volume
que tenham.
Da mesma forma, não se deve jogar sedimentos, troncos e móveis em rios, pois
impedem o
curso da água e provocam transbordamentos.
Adicionalmente, uma recomendação da Defesa Civil é de que se limpe
regularmente o
telhado e as canaletas de água das residências. Desta forma, evita-se
entupimentos,
que podem levar a água da chuva a se dirigir para os terrenos e não para os
escoadouros apropriados.
O Instituto Akatu lembra que, quando o consumidor planeja suas compras,
reutiliza
alimentos e produtos, e separa o lixo reciclável do comum, enviando-o para
uma coleta
seletiva, também está contribuindo para reduzir o problema. Todos os dias
são
descartadas mais de um milhão de quilos de lixo no Brasil, o suficiente para
"pavimentar" uma estrada de 500 quilômetros, com duas pistas, e 11
centímetros de
lixo. Mas, qualquer que seja o volume de lixo produzido diariamente pelo
consumidor,
se depositado em local incorreto, pode provocar enchentes e alagamentos.
Os resíduos de construção depositados nos rios em algumas cidades é uma
outra prática,
que, segundo Lima, provoca enchentes. Ela acontece quando o leito do rio
extravasa a
margem, causando prejuízos as populações ribeirinhas. "É muito comum
encontrar
resíduos de construção depositados nos rios em algumas cidades. É uma
conduta
inadequada da população, que acaba se tornando vítima", comenta. Lima
explica que isso
funciona da mesma forma que o lixo nas tubulações, pois reduz a área útil
para dar
vazão ao volume de água.
Segundo a Defesa Civil, outras ações que impermeabilizam e impedem a
absorção da água
pelo solo são: a pavimentação de ruas, construção de calçadas e a
compactação. Nesses
casos a área de infiltração natural no solo se reduz. Como o escoamento é
direcionado
para os próprios rios, córregos ou cursos de água, o excesso de água das
chuvas que
não foi absorvido pelo solo, transborda, provocando as enchentes.
Nesses dois últimos casos, o consumidor também pode contribuir: (a) ao
realizar uma
obra, deve certificar-se de que os resíduos de sua construção serão
depositados em
locais adequados e (b) deve preferir projetos arquitetônicos que valorizem
as áreas de
solo exposto, garantindo, assim, no terreno, uma área maior para absorção
das águas
das chuvas.
De acordo com Lima, alguns prédios "como os de supermercados e as áreas
de
estacionamentos com uma extensa área de cobertura do solo podem
implantar um
sistema de coleta de água de chuva para posterior reutilização". Desta forma,
não
apenas contribuem para a redução do consumo de água tratada, como também
para a
redução das inundações.
O consumidor deve valorizar ações empresariais como essas, incentivando as
empresas a
terem e manterem esse comportamento e estimulando outras a adotarem essa
prática. Essa
é mais uma possibilidade de ação para o consumidor que quer contribuir para
reduzir
problemas como o dos alagamentos e enchentes.
(Envolverde/Instituto Akatu, 22/02/2007)
http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=28177&edt=1